quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Alex Ferraz

SECA
Pode ter sumido do noticiário, mas não acabou a seca no Nordeste, inclusive na Bahia. No Ceará, 99% dos municípios estão em estado de emergência e há luta armada pela água, com muita pistolagem. Na Bahia, dezenas de municípios seguem também em emergência. E a imagem da lata d’água na cabeça permanece. Até quando, senhores?

Redação do Enem, um ponto crucial
A proximidade do Enem faz com que a imprensa comece a veicular reportagens dando dicas para os candidatos. O ponto crucial é, como sempre, a redação, e sobre o qual se concentram inúmeros conselhos de especialistas. Trata-se de um serviço útil e devemos agradecer à boa vontade dos especialistas.
No entanto, a meu ver, ler, escrever e saber intepretar bem o que se ouve e o que se lê, de jeito algum é coisa que se possa aprender faltando 30 dias para um exame.
Na verdade, saber pensar - e consequentemente concatenar ideias, fazer deduções e ler e escrever bem - é algo que se aprende a partir de casa, em boas escolas, com ótimos professores que também saibam pensar, deduzir, ler e escrever bem, e com hábitos como a leitura e conversas e debates que não se restrinjam ao crime do dia e ao futebol.
Hoje, temos (mais uma) geração de semianalfabetos que não entende 1% do que se passa no mundo ao seu redor, exceto nos campos de futebol. Essa geração vem sendo deteriorada ainda mais no pensar e no escrever com a internet, onde encontramos todo tipo de absurdo em erros de ortografia e de lógica de raciocínio, para não falar nas imbecilidades de preconceitos de cor, gênero, sexo etc. De mais a mais, não se ensina a fazer redação. Ensina-se a pensar, ler e escrever bem. O resto é automático.

Ainda sobre o português...
“Abrasso”, “cincera” e “vinheram” são três mínimos exemplos das barbaridades que encontramos nas mensagens de redes sociais.
Ao mesmo tempo em que revelam o semi-analfabetismo da maioria dos brasileiros (inclusive da classe dita A), as redes sociais contribuem para a aceitação e disseminação do escrever errado. Lamentável.

Golpe na Justiça do Trabalho
Da coluna do Cláudio Humberto: “A Justiça do Trabalho está sendo usada para um golpe sujo, no DF: o reclamante informa endereço errado da ex-empresa, e o processo corre à revelia. Só na fase de execução ele informa o endereço certo, para notificar o empregador desavisado e tomar dinheiro do otário.” Será que é só no DF? Hum!

Perguntinhas meio socráticas
Por que presidente, governadores, prefeitos, políticos em geral não fazem questão de ser atendidos em hospitais públicos? Por que seus filhos não estudam em escola pública? Seria uma forma exemplar de comprovar que a saúde melhorou, que as escolas vão bem. Na medida em que, respaldados pelo dinheiro público (que de público não tem nada, posto que controlado por grupos que estão no poder e gasto em despesas que são sigilosas para aqueles que contribuem), fazem tratamento de saúde em hospitais caríssimos e de primeira linha, só confirmam o que já é notório: o povo é o povo, continuará sendo o povo (ou o pobre, como gosta de dizer Lula, que já não o é mais), nas filas da madrugada para tentar exames, morto nas esquinas por bandidos e às vezes pela Polícia, e ponto final.

O lixo debaixo do tapete I
Não ouvi em nenhum debate nem na propaganda eleitoral um candidato sequer, dos mais radicais (sic) de esquerda ao conservadores, tocar no assunto da escandalosa e medieval situação do sistema penitenciário brasileiro. São celas onde deveriam estar 20 mas que contêm 100, 200 presos, fétidas, todos amontoados, com doenças, um horror!

O lixo debaixo do tapete II
Na medida em que ninguém fala sobre isso, deduz-se que consentem.
No fundo, na mentalidade dos brasileiros está a ideia de que quem comete crimes deve ser torturado da forma mais vil, que é ser tratado como lixo. Não percebe, quem pensa assim, que ao tratar o presidiário desta forma estamos nos igualando a ele em seus atos mais sórdidos. E somos, neste aspecto, uma VERGONHA diante do mundo civilizado.

Frase:
"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem." (Mario Quintana)

Nenhum comentário: