"Governo novo, ideias novas", diz o
lema da campanha do PT - e a presidente Dilma Rousseff já anunciou que a
política econômica é uma das áreas em que devem ser feitos ajustes caso
ela seja reeleita.
"Vai haver mudanças porque eu acho que o país se preparou para essas mudanças", disse a candidata ao jornal O Estado de S. Paulo.
A
promessa é feita em meio a uma escalada de críticas à política
econômica e em um ambiente de deterioração das relações do governo com
setores empresariais.
Também é, em parte, uma resposta aos ataques
da oposição, que tem explorado a desaceleração do crescimento e o fato
de a inflação estar no teto da meta definido pelo Banco Central (BC) -
de 4,5% com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Analistas
do mercado esperam um crescimento de apenas 0,27% este ano, e o governo
também reduziu suas previsões de 1,8% para 0,9% no mês passado.
Mas,
afinal, o que pode mudar na economia se o PT ganhar a votação do dia
26? Deve haver uma correção estrutural de rumos - ou apenas ajustes em
uma ou outra área?
Mudança
Consultados
pela BBC Brasil, tanto economistas críticos quanto alinhados ao governo
disseram não apostar em um ajuste radical. E, até o momento, a única
mudança confirmada parece dizer respeito à saída do titular da pasta da
Fazenda.
Segundo a presidente, o atual ministro, Guido Mantega,
não permanecerá no cargo por "razões pessoais". Mas há algum tempo
Mantega vinha sendo alvo de críticas de um grupo cada vez maior de
economistas, investidores e entidades empresariais - e a desaceleração
da economia, em plena corrida eleitoral, aumentou a pressão por sua
saída.
Acredita-se que dois outros nomes fortes da Fazenda também
possam ser substituídos: o secretário do Tesouro, Arno Agustin, e o
secretário de Política Econômica, Marcio Holland, que recentemente
sugeriu que os brasileiros deveriam substituir o consumo de carnes por
ovos e frango, o que colocou a presidente em uma saia justa.
"Jamais (daria esse conselho), porque acho que as pessoas têm direito de comer carne, ovo e frango", corrigiu Dilma.
Novo ministro
Entre os nomes cotados nas
últimas semanas para substituir Mantega estão o ex-secretário-executivo
do Ministério da Fazenda e atual professor da FGV, Nelson Barbosa, que
deixou a pasta em 2013, após divergir sobre a condução da política
econômica com o atual ministro.
Barbosa teria uma boa relação com a
presidente e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas tem
negado que pretenda voltar ao governo.
Outro nome sobre o qual se
tem especulado é Otaviano Canuto, secretário de Assuntos Institucionais
do governo Lula e consultor do Banco Mundial. Canuto, porém, disse à BBC
Brasil não ter sido contactado sobre uma proposta nesse sentido.
"Soube
disso (das especulações) pelos jornais. Enquanto funcionário do Banco
Mundial, não comento questões políticas em qualquer de nossos países
membros."
Há quem levante a possibilidade do atual ministro da
Casa Civil, Aloísio Mercadante, assumir a Fazenda, já que ele é uma
espécie de braço direito da presidente e costuma ser ouvido por ela em
temas econômicos.
Outro que estaria sendo cotado é o presidente do
BNDES, Luciano Coutinho, que, apesar de ser associado à polêmica
estratégia de criação de "campeões nacionais", tem bom trâmite entre
empresários.
Em algum ponto também se chegou a especular sobre a
substituição de Mantega pelo atual presidente do BC, Alexandre Tombini,
embora hoje se considere mais provável que ele continue à frente da
autoridade monetária.
"O ideal seria que a pasta fosse assumida
por algum empresário ou alguém com bom trânsito entre setores
empresarias para reforçar a interlocução nessa área", acredita Luiz
Gonzaga Belluzzo, que foi conselheiro econômico de Lula e professor de
Dilma.
"A presidente precisa de um anti-Armínio Fraga, alguém que
não seja ligado ao mercado financeiro", completa, referindo-se ao
ex-presidente do BC escolhido pelo candidato Aécio Neves para ser seu
ministro da Fazenda caso seja eleito. Click no link e leia matéria completa no BBCBrasil
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