quinta-feira, 16 de outubro de 2014

As 'armas' de Dilma e Aécio na reta final

Os temas corrupção e economia prometem dominar os palanques e as arenas de embates entre os candidatos presidenciais Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) na reta final para o pleito derradeiro de 26 de outubro.

No primeiro debate pela TV, na noite de terça-feira, ambos puderam expor o arsenal de argumentos que usarão nos oito dias restantes de campanha - e nos três debates que virão. O próximo encontro será na tarde desta quinta, organizado por UOL/SBT/Jovem Pan.
Ambos batem em teclas distintas: por um lado, Dilma defende avanços econômicos e sociais dos 12 anos dos governos do PT, do outro, Aécio critica os baixos índices de crescimento nos últimos anos e o "fracasso" do governo no combate à inflação.
Ambas as estratégias de ataque incluem acusações de corrupção.

Veja abaixo, os principais argumentos usados nos ataques de cada candidato ao outro:

Dilma Rousseff (PT)

1. Eventuais cortes em programas sociais
A campanha petista coloca em dúvida a continuação do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do país. Aécio nega que acabará com o projeto e diz que seu governo irá "aprimorá-lo".
O tucano tem, ainda, defendido a "paternidade" do programa, ao dizer que este teria sido uma ampliação de outros projetos já existentes no governo Fernando Henrique. "O Bolsa Família é um avanço e vai ser continuado no nosso governo", disse ele no debate da Band. Dilma, no entanto, rejeita a reivindicação e diz que a abrangência de programas anteriores era menor.
Dilma diz também que Aécio planeja "reduzir o papel dos bancos públicos", o que poderia afetar linhas de financiamento do BNDES ou da Caixa Econômica Federal - principal financiadora do programa Minha Casa, Minha Vida.
Aécio diz que seu projeto é "saneá-los e dar transparência ao funcionamento", mas que os bancos não serão privatizados.
A privatização de empresas públicas ocorridas no governo Fernando Henrique é, historicamente, um dos argumentos dos petistas contra tucanos em eleições presidenciais.

2. Ajustes que poderão levar ao desemprego
Dilma diz que os ajustes propostos por Aécio na área econômica poderão levar ao desemprego, e que a escolha de Armínio Fraga como eventual ministro da Fazenda, anunciada pelo tucano, trará corte de empregos e de salários.
"Como é que o senhor (Aécio) quer que eu acredite que, com a mesma receita, o mesmo cozinheiro, vocês vão entregar um prato diferente que já entregaram para o Brasil? Vocês gostam de cortar, e sempre cortam. Cortam emprego e cortam salários", disse Dilma, no debate de terça-feira.
Em entrevista recente, Aécio disse que o governo fez "trapalhadas" e intervencionismo "irresponsável" em diversos setores da economia, que resultaram em crescimento baixo e inflação no teto da meta, e afugentou os investimentos. Disse também que a indicação de Fraga dá "sinalização" de "tranquilidade" na economia.

3. Denúncias de corrupção
Dilma também tem usado denúncias de irregularidades envolvendo Aécio e o PSDB para rebater acusações feitas pelo tucano. Além do caso do "mensalão tucano", a presidente cita a construção com dinheiro público de um aeroporto no município de Claudio (MG), nos tempos em que Aécio era governador do Estado de Minas Gerais, em terras de um parente dele.
Segundo denúncias da imprensa, a chave do terminal de pouso e decolagem teria ficado em poder desse parente após a conclusão das obras. De acordo com a campanha do PT, a construção teria beneficiado a família de Aécio.
Aécio diz que o Ministério Público Federal "atestou a regularidade da obra" e que a obra foi desfavorável a seu tio, já que o Estado determinou o valor de R$ 1 milhão para a desapropriação de um terreno que valeria R$ 9 milhões. Segundo Dilma, ainda está em andamento uma investigação sobre eventual improbidade administrativa pela obra.
No debate da Band, Dilma citou as acusações de corrupção ligadas às licitações do Metrô de São Paulo, a cargo do governo estadual tucano.

Aécio Neves (PSDB)

1. Denúncias de corrupção na Petrobras
Uma das principais armas usadas pelo tucano são as revelações recentes de depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff sobre casos de desvio de recursos da estatal para abastecer campanhas de PT, PMDB e PP.
O tucano disse que o governo de Dilma virou um "mar de lama" e classificou de "absolutamente inacreditável" o que chamou de falta de indignação da petista diante das denúncias.
A presidente diz que seu governo sancionou leis que permitem independência na investigação de casos de corrupção e defende a punição de envolvidos em irregularidades. Dilma alega, também, que no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), denúncias de corrupção em órgãos no governo não eram investigadas.
"A minha determinação de punir todos os investigados que sejam culpados, os corruptos e corruptores, é total. É fundamental que o país pare de ter impunidade. Finge investigar e não pune. Nós mudamos essa realidade", disse ela no debate, citando acusações de corrupção a governos tucanos e dizendo que os supostos envolvidos estariam "todos soltos".

2. Desempenho econômico
Aécio diz que Dilma não reconhece equívocos nas políticas econômicas do seu governo e que ela "falhou na condução da economia, não fez o Brasil crescer e não conseguiu controlar a inflação".
O tucano diz ainda que o Brasil perdeu a confiança dos investidores, que "deixaram o Brasil". Aécio diz que o "país não está gerando empregos" e que o desempenho da indústria é o "pior dos últimos 50 anos".
A resposta de Dilma é que a taxa de desemprego atual - de 5% em agosto, segundo o IBGE - é a menor "das últimas três décadas, uma taxa próxima ao pleno emprego".
Dilma disse recentemente que há "demagogia" no debate sobre a inflação e que a alta recente dos produtos é resultado de "um choque de oferta por conta do clima" - em referência à seca que afetou as colheitas e elevou o preço de alimentos. O efeito, diz, é passageiro, e que a inflação recuará para o limite superior da meta.
A meta de inflação do Banco Central é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Em setembro, o IPCA, índice oficial de preços, teve alta de 0,57%, levando o acumulado em 12 meses para 6,75% - acima da meta.
No debate, Dilma disse que a inflação está controlada "dentro dos limites da meta" e compara os números com os dos governos Fernando Henrique. Diz, ainda, que indicadores ruins da economia são reflexos da crise econômica internacional.
Aécio defende o ex-presidente tucano, dizendo que ele teve a missão de debelar a hiperinflação brasileira no início dos anos 1990, e alega que a alta nos preços no fim do governo dele é creditada a incertezas com a eleição do primeiro presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

3. Desgaste do PT no governo
Aécio tem usado, ainda, o argumento de um suposto desgaste do PT após 12 anos na Presidência, e diz que este ciclo precisa ser encerrado. Alega, também, que houve um "aparelhamento da máquina pública" nos governos Lula e Dilma.
No debate da Band, o tucano disse que "há medo na sociedade brasileira... do PT governar por mais quatro anos".
Dilma defende o legado e avanços das administrações petistas, sobretudo na área social, ao tirar "36 milhões de pessoas da pobreza extrema", e diz que a população "não quer os fantasmas do passado de volta, como a inflação, o arrocho e o desemprego", como disse recentemente.
Aécio rebate, e diz que brasileiros estão preocupados com "monstros do presente", como inflação, recessão e corrupção. (BBCBrasil)

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