sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Frustrados com debate agressivo, eleitores pregam voto nulo

"Fim de debate: ambos se chamaram de mentirosos. Acredito nos dois. É nulo." "A cada debate de Aécio x Dilma, mais eu acho que deveria ter um candidato representando o voto nulo." "Desisto. De novo lavação de roupa suja e paternidade de programas sociais em debate... Voto nulo."
Os comentários foram publicados por internautas durante e depois do último debate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves, promovido na tarde desta quinta-feira por SBT, UOL e Jovem Pan. Além destes, mais de 1.500 usuários irritados indicaram vontade de votar nulo em comentários relacionados ao encontro.
As principais reclamações indicavam excesso de ataques pessoais, falta de respostas concretas para críticas e, principalmente, ausência de propostas de governo entre os candidatos.
Algumas das principais palavras associadas à intenção de voto nulo no Twitter foram "branco", "parasita", "burro" e "retrocesso".
"Eu sei quem não ganhou (neste debate), o eleitor. Ninguém responde a nada", resumiu o internauta Joseph S. Alcântara.
Espelho
O "espelhamento" da discussão entre Dilma e Aécio irritou a audiência das redes sociais.
Desde o início do debate, que durou menos de duas horas, Aécio e Dilma acusaram um ao outro por razões similares - às vezes idênticas. Os dois disseram, por exemplo, que o adversário usou a máquina pública para empregar parentes. Ambos também se criticaram por não investigarem crimes cometidos por colegas de partido.
"É o sujo falando do mal lavado. Tem o mensalão PT, tem mensalão mineiro, tem corrupção na Petrobras, tem corrupção no Metrô de Sampa...", reclamou Elisa Andreia, via Twitter.
"Aceito qualquer motivo para votar em A ou B, menos corrupção. Todos são sujos", disse Bruno SFC, também pela rede.
Dilma e Aécio afirmaram em coro, por diversas vezes, que o oponente não tinha propostas claras para o país. O Estado de Minas Gerais, novamente, foi usado pelos dois como suposto atestado de falta de conhecimento do oponente.
"É "leviano" pra cá, "mentiroso" pra lá. Cadê as propostas, minha gente? Ninguém sabe o que fazer", criticou Erica Hideshima.
'Dèja vu'
A repetição de frases inteiras usadas em encontros anteriores também foi alvo de reclamações por eleitores frustrados.
Afirmações ditas apenas dois dias antes, durante o debate da TV Bandeirantes, voltaram ao discurso dos presidenciáveis sem alterações. Como quando Dilma Rousseff enumerou supostos casos de corrupção envolvendo o PSDB.
"Onde estão os corruptos da compra de votos para a reeleição? Todos soltos. Onde estão os corruptos do metrô e dos trens de São Paulo? Todos soltos. Onde estão os corruptos da "pasta rosa"? Todos soltos. Onde estão os corruptos do processo Sivan? Todos soltos. Onde estão os corruptos da privataria tucana? Eu tenho um compromisso diferente. Meu compromisso é investigar e punir", disse a presidente.

Ou no momento em que Aécio repetiu as acusações de omissão no caso Petrobras por Dilma.
"O senhor Paulo Roberto (diretor da petroleira) disse que 2% de todas as obras de sua responsabilidade iam para o seu partido, candidata, para o tesoureiro do seu partido. O que a senhora fez durante esse período? Nada. A senhora tomou alguma providência, pediu o afastamento do tesoureiro, candidata? Não. São denúncias construídas a partir daquilo que a Polícia Federal chama de uma organização criminosa atuando no seio da nossa maior empresa", repetiu o tucano.
A postura dos candidatos nos debates terá mais dois testes antes do domingo de eleições (26 de outubro). A TV Record promove novo encontro entre Dilma e Aécio no próximo fim de semana (dia 19) e a TV Globo reúne os dois candidatos na sexta-feira anterior à votação (dia 24).
No primeiro turno, 6,6 milhões de brasileiros (5,8% do total) anularam seus votos. O número representa ligeira alta em relação às eleições de 2010 (5,51% do eleitorado).
A soma de votos brancos, nulos e abstenções representou 38,7 milhões de eleitores na primeira etapa de votação em 2014 - a maioria esmagadora (27,7 milhões) não compareceu às urnas. (BBCBrasil)

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