Cada um tem sua própria têmpera

Assim como não existem duas digitais iguais, também não existem duas pessoas iguais. Podemos até dizer, sem devaneios, que, mesmo que todas tenham cabeça, pescoço, tronco, membros e os mesmos órgãos internos, nenhuma foi forjada com têmpera igual.

Para cada ser humano, participante ou não do processo encarnatório, há uma têmpera diferente que até pode ser afinada, mas nunca mudada. Mesmo que todos tenham ouvidos, a depender da têmpera individual, a audição será diferente. Ninguém ouve a mesma música, pois cada um ouve a musica que sua têmpera permite. A têmpera é como um instrumento de uma orquestra. Mesmo que todos estejam afinados cada um produz um som diferente. Mudando o tom não se muda o som, pois para mudar o som é preciso mudar de instrumento. A humanidade é uma orquestra e cada pessoa é um instrumento diferente com afinação flutuante.

Tem têmperas que se identificam mais com as mensagens sinfônicas de Beethoven, Strauss, etc, já outras, mesmo com boa afinação, preferem o bailão do Robsão.

O por do Sol, a depender da têmpera do observador, pode ser visto como uma tela gigante com matizes e textura que só o criador é capaz de produzi-las, ou ser visto, simplesmente, como tons alaranjados provocado pela refração do Sol na atmosfera poluída.

É essa têmpera que permite alguém, ao acordar, perceber a diferença entre “um belo dia” e “mais um dia de trabalho”.

A têmpera não é uma percepção corporal nem psíquica. É nossa constituição espiritual afinada para ir além dos nossos sete sentidos.

Até mesmo esse ponto de vista, representado por esses caracteres gráficos, a depender da têmpera de quem o ler, poderá ser compreendido, criticado ou simplesmente interpretado como: “não faz o menor sentido”. Isso não é ignorância nem culpa do leitor, é a “têmpera individual”. Você pode até afinar um instrumento, mas o som  continuará o mesmo.

Quando Kardec começou a fazer suas primeiras investigações paranormais ele não imaginava que seus livros se tornariam a base da doutrina espírita.

Ele vinha de uma família dividida entre o catolicismo e protestantismo e, mesmo assim, sua têmpera sem nenhuma afinação esotérica-espiritual, foi capaz de perceber, sem medo, o teor dos fenômenos espíritas da época.

Cada um tem sua própria têmpera existencial e mesmo passando por dezenas de processos reencarnatórios, mesmo freqüentando ou praticando rituais religiosos, mesmo se esmerando em conhecimentos científicos espirituais, a têmpera não muda. Nenhum desses processos tem esse poder.

Só por exemplo; os Magos Negros do Umbral sabem bem mais que nossos cientistas. Conhecem tudo que está escrito nos livros de Kardek, são profundos conhecedores das religiões e dos seus livros sagrados, são capazes de feitos extraordinários que até fogem a compreensão dos encarnados mais espiritualizados, mas nada disso é o suficiente para mudar suas têmperas.

Mudar a têmpera seria praticamente mudar de linhagem. Seria mudar de “Alien Grey” para “Ser humano”, Seria mudar de macaco para um “Ser espiritual” e depois carimbar: “Made in Deus”.

Conrado Dantas

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