sábado, 9 de maio de 2015

Minhas seis mães



Quisera todo homem ser abençoado como eu fui, por ter tantas mães para cuidar de mim. D. Dezinha, minha mão biológica, uma sertaneja, arretada, veio para Feira de Santana fugindo da seca, e por aqui foi ficando, onde me pariu. Não ficou muito tempo comigo, pois com poucos dias de nascido, D. Ada, filha de Aurelina e Anacleto Mascarenhas (foto), resolveu me adotar. Foi graças a ela que pude ter os cuidados e a educação que aos meus irmãos de sangue foram negados. E dessa forma, eu ganhei mais três mães: Ada, Aurelina (Lerú) e Maria da Hora (Ba).
            Quando fui para a escola já sabia ler e escrever, graças ao trabalho paciente e dedicado de minha mãe (e madrinha) Ada, que me preparava cadernos feitos com folhas de papel pautado, onde eu escrevi minhas primeiras letras. Ela também não descuidava da disciplina. Era rigorosa nas questões de higiene, etiqueta e respeito.
            Minha mãe Lerú era a doçura em pessoa. Era a mão que afagava e protegia, a voz que consolava e aconselhava. Quantas e quantas noites de sono ela perdeu, esperando um moleque de 15 anos que teimava em chegar em casa altas horas da noite ou da madrugada.
Ada Bahia
            Bá era minha mãe preta. Tinha o maior orgulho em ter sido minha “Madrinha de Representação”. Dormia comigo no quarto e não se queixava em ter que descer e subir escadas no meio da noite para me trazer água. Quando, aos 14 anos, fiquei acamado por seis meses, era ela quem ficava ao meu lado, contando casos, conversando, trocando idéias ou jogando, para me ajudar a passar o tempo e fugir da solidão. Morreu nos meus braços.
            Há 24 anos Maura resolveu assumir estes papéis. É minha mulher, amiga, companheira, cúmplice e mãe. Cuida de mim com o mesmo carinho que minhas outras mães cuidaram. Não sei se ela fez um bom negócio, pois eu não sou flor que cheire. Deus sabe que quem cuidou de mim merece o Céu.
Graciana (Pituzinha) e Maura Sérgia
            Teimoso, cabeça dura, rebelde, maluco, sou tudo isso que dizem de mim. E se ainda não me dei muito mal, foi por conta da proteção da minha mãe, Maria, mãe de Deus, mãe de todos nós. A ela fui entregue desde que nasci e a ela entrego minha vida e minha alma. Não poderia estar mais bem protegido.
            Como disse, quisera, todo homem ser abençoado como fui.
            Neste Dia das Mães, quero homenagear e agradecer, de todo coração, às minhas seis mães, por tudo que fizeram (e fazem) por mim, que não faço por merecer.
            Bença, mães!


            P.S. – Quero homenagear também a minha ex-mulher, Lucy, que tem sido mãe e pai dos nossos dois filhos, desde que nos separamos. E minha sogra Dona Pituzinha, que me acolheu como filho desde que me uni a Maura.


Cristóvam Aguiar

NE: Este texto foi escrito há 11 anos. 

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