sábado, 17 de dezembro de 2016

Como o desastre de Mariana fez com que um professor brasileiro fosse indicado a 'Nobel da Educação'



O capixaba Wemerson Nogueira tem apenas 26 anos, mas já dá conselhos aos colegas professores de escola pública sobre como tornar a experiência em sala de aula mais rica e eficiente: "Deem voz aos alunos e permitam-se aprender com eles".

Em cinco anos dando aulas na rede estadual do Espírito Santo para alunos do Ensino Fundamental e Médio, ele acumula prêmios pelos projetos educativos que desenvolveu. E agora, é um dos 50 finalistas do Global Teacher Prize, considerado o "Nobel da educação".


É a segunda vez que brasileiros fazem parte da lista de finalistas divulgada pela ONG Varkey Foundation.  Em 2016, além de Wemerson, o professor amazonense Valter Pereira de Menezes também é considerado para o prêmio de US$ 1 milhão, entregue a "um professor excepcional que tenha feito uma contribuição extraordinária para a profissão".

O nome do vencedor será anunciado em março, durante um evento em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Para Wemerson, que ensina Química e Ciências na cidade de Boa Esperança, o segredo do sucesso está em motivar os alunos, descobrindo como eles gostariam que o conteúdo fosse abordado na sala de aula - ou fora dela.

"Desde 2014, a primeira coisa que faço com meus alunos é mostrar o plano de ensino daquele ano para eles e trocamos ideias sobre como estudar aqueles conteúdos. Por exemplo: 'Como vocês querem aprender a tabela periódica?’”, disse à BBC Brasil.

"Eles dão ideias, eu anoto tudo no quadro. Depois temos uma roda de conversa para debater o que é viável e o que não é. Em seguida, falo com meu diretor sobre o que quero fazer. Sempre tive apoio dos meus diretores."


Rio Doce
Wemerson ficou famoso no Estado na primeira escola em que trabalhou, ao criar um projeto de paródias musicais para ensinar o conteúdo de Química de todo o ano letivo. "Foram mais de 40 músicas, com samba, funk, pagode, era uma loucura na escola. Fico até emocionado lembrando", diz.
"Tenho uma aluna que foi aprovada em Medicina na Universidade Federal do Espírito Santo cantando. Ela cantava os conteúdos de Química e Biologia durante a prova, e foi aprovada em segundo lugar."
No início das aulas em 2016, em sua consulta com os alunos da 8ª série da Escola Estadual Antônio dos Santos Neves, ele percebeu o impacto do rompimento da barragem em Mariana, que havia ocorrido em novembro de 2015.
"Estamos muito perto de Colatina (MG) e de Linhares (duas das cidades atingidas pela lama que desceu o rio Doce). Os alunos só falavam disso e queriam aulas práticas de Química. Então pensei em levá-los para fazer uma pesquisa científica de campo, em Regência (ES)."
"Os alunos choravam muito ouvindo as histórias dos moradores afetados pela lama. Aí não era mais só entender a Química, era tentar ajudar a população. Voltamos para a escola transformados", relembra. Leia mais no BBCBrasil.


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