Caçadores ilegais estão abatendo onças
na região da Amazônia boliviana para traficar suas presas - usadas em supostos
tratamentos de medicina tradicional asiática ou como amuletos. Contrabandistas
pagam a caçadores até US$ 100 (R$ 340) por dente. Autoridades suspeitam que o
crime também ocorra em mais países sul-americanos, inclusive no Brasil.
Na Bolívia foram apreendidos 262 dentes
entre 2014 e 2016. Para autoridades locais, isso significa que ao menos 65
felinos foram abatidos ilegalmente no período - pois cada um possui quatro
presas grandes. Ativistas da ONG boliviana Fobomade dizem que o número pode ser
maior.
O governo boliviano diz que o fenômeno
não é novidade na Região Amazônica e que o grande número de casos registrados
no país seria fruto de campanhas nacionais para prender traficantes de animais
e conscientizar a população.
Embora não tenha havido apreensões desse
tipo no Brasil até agora, o Ibama diz suspeitar que caçadores e contrabandistas
ligados ao tráfico de dentes de onça para o mercado asiático operem no país. No
Suriname, ao menos dois casos suspeitos foram registrados.
Anúncios nas
rádios
Na
Bolívia, as onças são chamadas de jaguares, na tradução do espanhol. Elas
não são caçadas diretamente pelos contrabandistas. Segundo a DGBAP (Direção
Geral de Biodiversidade e Áreas Protegidas da Bolívia) e a Fobomade, indígenas
e camponeses que moram na região da floresta são aliciados para abater os
animais.
Por vezes, para chegar a esses caçadores
locais, contrabandistas pagam por anúncios em emissoras de rádio de cidades
pequenas, localizadas próximo à floresta amazônica. Os anúncios indicam um endereço
onde eles podem ser vendidos.
"Os contrabandistas fazem isso por
um dia e depois mudam de domicílio, então fazem (o anúncio) em outro lugar e
mudam de domicílio de novo. É uma máfia", diz à BBC Brasil Teresa Peres,
chefe da DGBAP. Leia mais no BBCBrasil.
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