quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Esporte, medalhas e apropriação indébita

A relação de medalhas é uma forma tão verdadeira quanto qualquer outra de identificar o grau de desenvolvimento de um país. Não é a atoa que os EUA vão emplacar sua milésima medalha nestes jogos, mesmo sem ter um Ministério dos Esportes para chamar de seu. Lá, um Phelps, que anda aí pelas 29 medalhas olímpicas é fruto do talento e treinamento extremado. E só.
No Brasil, a cada medalha meus instintos mais primitivos entram no tatame, embarcam na canoa furada, dão piruetas nas argolas e atiram na hipocrisia narrativa. É só o atleta faturar uma medalha e sua biografia começa a ser possuída por alguma entidade dementadora, tal como naqueles livros do Harry Potter, alguma narrativa social. É a judoca lésbica, ginasta racista, o boxeador arrodeado de mulheres fortes, a nadadora negra, e por aí vai.
As notícias seguem como pautas xerox. Não se fala da rotina de treinamento, do tempo empregado na preparação, da técnica que resultou em vitória, do modelo que selecionou os melhores, do projeto que resultou em sucesso e qual fracassou. De quem treinou no exterior e quem treinou no Brasil, da importação de técnicos, do espaço de treinamento. Ou porque 9 dos 11 medalhistas são militares. Qual impacto e que diferença fez estarem inseridos nas Forças Armadas, por exemplo? 
Enfim, não se fala do que fez aquele atleta se tornar um vencedor, pois, este é o verdadeiro diferencial e o retrato da atenção que o país dá ao esporte. Narrativas sociais, apropriação indébita do atleta por causas, não dá medalha a nenhum deles. Nem dará.

 Câmaras vão encarar prefeitos com a faca e o queijo na mão
Em decisão apertada o STF aprovou que apenas as Câmaras de Vereadores podem decidir sobre as contas dos prefeitos e não mais os Tribunais de Contas. Assim, prefeitos que tenham suas contas reprovadas pelos Tribunais não ficarão mais inelegíveis como vinha acontecendo.
Na prática, trocando em miúdos e deixando de arrodeio foi um retrocesso porque esvaziou os Tribunais do poder fiscalizatório e botou a faca e o queijo na mão dos vereadores. A lei da Ficha Limpa, prezado pagador de impostos, começou a entrar pelo cano exatamente no momento em que a Sociedade mais exige transparência. Com a nova medida estima-se que 80% dos políticos que estavam inelegíveis poderão voltar às tetas públicas. 
Trocando em miúdos: basta que a  Câmara não se reúna  e o parecer do TC desaprovando as contas fica no limbo, sem valor. Assim, o encontro com a lei vai  sendo adiado e o prefeito vai poder continuar livre, leve e elegível. Rico, recatado e na política.  Alto lá, não será assim!, pode ser que grite algum vereador, mas imagine uma bancada tradicionalmente produtora de amém em um cidade pequena que ousadia terá de se reunir para tornar inelegível o alcaide que garante sua reeleição? Ou numa cidade maior, imaginária, vai lá que o prefeito lhe conceda 100, 200, cargos na estrutura municipal.  Que chance haverá de um prefeito se tornar inelegível?
A única certeza, neste surto produzido pelo STF,  é que manter certos  vereadores  indispostos para esta reprovação vai custar muito convencimento, por assim dizer. 

 Urbanismo
            Não se concebe que uma cidade não possua um robusto núcleo de arquitetura, que intervenha em seu urbanismo, permanentemente, para além do seu planejamento. 
Os conceitos que permeiam uma cidade mais confortável e acessível ao cidadão e ao transporte público em detrimento do privado tem vasta literatura.  
Sempre defendemos esta posição. Ao andarmos nas ruas encontramos a cidade abarrotada de pequenos exemplos desta falta de atenção que torna a vida do cidadão um permanente e irritante desconforto cotidiano. 

A rotatividade de bordel no Ministério da Educação, o comprometimento ideológico e a submissão à agenda sindical, têm sido fatores que comprometem o desenvolvimento da educação, que segue obtendo péssimas avaliações nas competições internacionais. 
Da mesma forma, a educação estadual e municipal, patinam, não conseguem se mover no IDEB. Quando há investimento é sempre em estrutura física – importante, não se nega -, mas sem corresponder a uma intervenção, ou peso, no professor, para combate ao absenteísmo, a qualificação, a avaliação permanente de desempenho. É mister ainda uma administração educacional capacitada, educação integral verdadeira e não mera maquiagem escolar com abertura em dois turnos. Isto sem falar no projeto pedagógico, no currículo nacional que modifique o perfil acumulativo de informações, que tendem ao infinito e estão frequentemente desconectadas da realidade. Precisamos, urgente, revermos nossa educação com um projeto de prazos, modelos e metas definidas.

            A longevidade no poder oferece ao detentor a rara chance de planejar, executar e colher resultados de seus projetos. Em compensação, seja o DEM em Feira, o PT, na Bahia e no governo federal, ou o PSDB em São Paulo, estão todos sem qualquer chance de justificativa ou desculpa para metas que não tenham sido alcançadas, avanços que não tenham sido concretizados, problemas cuja resolução não tenha sido sequer iniciada.

Lava-jato
O grupo da operação que inclui o ágil e eficaz juiz Sérgio Moro construiu até agora o mais significativo movimento de mudança que já vi no país. Condenando alguns dos empresários mais ricos da nação - algo que nunca conseguimos imaginar - além de políticos e outros agentes criminosos, eles impactam positivamente na população e abrem caminho para uma revisão de nosso dilapidado conceito de moral e ética. 
Pequenos enganos em ação de tamanho porte são inevitáveis. Mas o conjunto da obra é majoritariamente espetacular. Toda a sociedade brasileira deve manter seu apoio incondicional ao juiz, à Polícia Federal e ao Ministério Público.

Justiça pluripartidária
Com a citação de doação de R$23 milhões a Serra e R$10 milhões ao PMDB de Temer, pela Odebrecht; os US$34 milhões dados ao PSDB de São Paulo pela Alstom; as várias citações a Aécio, entre muitos outros fatos, já passa da hora da PF e Justiça investigarem o PSDB e outros partidos.  

Não podemos aceitar que a Justiça se comporte de forma diferente diante de cada partido, pois ela precisa ser universal. Nem  militante nem omissa.  

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