terça-feira, 2 de agosto de 2016

“It’s a wonderful city”, disse a desavisada turista inglesa que veio ao Rio pela Olimpíada. Coitada.

Na TV, onde praticamente todos os canais resolveram nos hipnotizar para aceitarmos Jogos Olímpicos numa cidade que é capital de um estado falido e o mais violento do País, no qual dezenas de pessoas já morreram de balas perdidas este ano, o crime manda, a Polícia sofre de corrupção endêmica, e os governantes, tanto municipais como estaduais, primam pelo cinismo, vejo a entrevista, editada, de um casal de turistas ingleses, na qual a mulher, deslumbrada, diz que está numa cidade maravilhosa: “It’s a wonderful city”.
Meu Deus, nem parece que é inglesa! Nem parece ser cidadã de um país onde a Polícia tem que andar com as armas trancadas no porta-malas da viaturas e só acioná-las sob o comando expresso da chefia.
Nem parece viver num país onde você pode sair pelas ruas, inclusive da gigante Londres, sem levar documentos, porque sua palavra é a primeira coisa a ser acreditada.
Nem parece que veio de uma nação onde os direitos humanos, SOB TODOS OS ASPECTOS, são respeitadíssimos, mesmo diante do caos do terrorismo.
Mas parece, sim, ser aquele tipo de turista que vai, por exemplo, à África ou à Índia, e na volta, quando consegue voltar, escreve que o país visitado “é cheio de contrastes.


Descaso

Muitas obras na Orla da cidade, bom asfalto nas principais vias etc.

Chega de enganar aos turistas e, mais ainda, aos cidadãos brasileiros debilitados pelos políticos e governantes corruptos de TODOS os partidos.
Pedir bom senso e coisas que tais, num momento desse, é enxugar gelo.
São mais de 50 mil pessoas assassinadas por ano, na sua maioria negros e pobres.
Devo dizer: não sou pessimista, nesse caso.


Porém, a prefeitura de Salvador está com uma tremenda dívida social, em relação às centenas de milhares de pessoas que (sobre) vivem em bairros periféricos, e dependem, por exemplo, de escadarias e encostas protegidas, dignamente, como em Marechal Rondon, para citar só um exemplo.
Não adianta criar um presépio e deixar a periferia se lascar.
E o que temos visto é preocupante, inclusive com o menosprezo pelas demandas comunicadas por telefone e outros meios colocados “à disposição” dos cidadãos.
Hum...

Vamos parar de enganar (I)
Um mínimo de realidade seria interessante, mas não teremos, porque reina, de agora até o final da Olimpíada, como reinou na Copa, o interesse bilionário de dezenas de empresas, de todos aqueles que ganham fortunas com esse circo, e nos tratam como débeis mentais.

Vamos parar de enganar (II)
Os governos redobram a segurança, mesmo num estado FALIDO como Rio de Janeiro, constroem muros para esconder favelas, enfim, fazem todo o possível para mostrar “ao mundo” um Brasil que, pelo amor de Deus, não existe!

Vamos parar de enganar (III)
É uma corrupção desenfreada, um festival de candidatos populistas (ou metidos a tal), prontíssimos para enganar a todos.
Então, caros leitores, onde está o “wonderful”? Ah, me batam um abacate.

E para finalizar
Tento ser um mínimo realista.
Mas para os entorpecidos pela mídia, pela propaganda quase nazista em torno dos esportes (dos quais gosto, e muito, inclusive sou torcedor e assistente de futebol), pelo engabelamento de quem ganha bilhões com o marketing, não resta outra alternativa, a não ser berrar: “Brasil, siu

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