quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Calero de Tróia

Quanto mais vejo o caso Calero, menos acredito que o que parece, é. Algumas questões:
 
1- Ao assumir o MinC, Calero, fez vários esforços para barrar a CPI da Lei Rouanet ( tem muitos amigos entre os artistas, após ter sido Secretário de Cultura, no Rio ) tendo sido  questionado na imprensa por esta atitude, agora, mudou de conduta e tom em relação ao bem público. 
 
2-O mais grave, no entanto, como escrevi no mesmo dia da demissão, foi que, Calero, disse que " uns amigos na PF" o aconselharam a gravar as conversas. Há algo de muito errado quando um servidor da PF, um orgão da estrutura do Estado,  estimula um Ministro a gravar o Presidente da República clandestinamente. Ou Calero desmente que foi a PF, ou coloca a PF em maus lençóis e precisamos saber quem foi.
 
3- Calero diz que as gravações de Temer, são protocolares. Ora, se são protocolares porque gravar o Presidente?
Cada vez mais tenho a impressão que Calero sentiu o potencial lesivo do material que tinha em mãos, sabia que derrubaria Geddel e abalaria o governo. Com este material pensou que poderia incluir Temer no bolo e resolveu gravar o Presidente.  Calero prestou um serviço inesmitável e merecedor de aplausos ao denunciar Geddel, mas foi muito além dos seus sapatos ao GRAMPEAR A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Não é uma decisão qualquer. É uma aposta muito alta.
 
Quando o juiz Sérgio Moro, investigando um crime, gravou indiretamente a Dilma, o mundo veio abaixo e Moro foi acusado de todas as formas. Agora, quando um Ministro grava o Presidente clandestinamente, não posso crer que isso seja normal.
 
Ás vezes, faz-se o certo por motivos errados e vice-versa.  Calero tem um certo ar vaidoso, fez o certo, mas acho que apostou ser apenas o mocinho no filme do herói, embora também não deixe de ser um Calero de Tróia.

A montanha pariu um rato. O áudio de Temer

O Ministro da Cultura, Calero, após denunciar, corretamente, Geddel, demitiu-se, e disse que tinha gravado Ministros e o Presidente. Durante dias a bola rolou criando-se uma expectativa que Temer teria sido pego com a faca no pescoço do Ministro. Com mais um tempo  Calero passou a dizer que as conversas de Temer tinham sido só protocolares. O desgaste foi longo demaias, mas agora os áudios saíram: a montanha pariu um rato.
 
As conversas dele com o Presidente nada tem de especial, ao contrário, Temer diz que foi inconveniente por ter insistido para que ele ficasse no cargo.  Temer está errado por tentar fazer um governo com amigos, todos denunciados na Lava-Jato, mostrando que seu limite ético tem tolerância excessiva,  por demorar em demitir Geddel, por renomear o demitido Jucá como líder do governo, mas as gravações mostram apenas que Calero foi metade concreto, metade show.

 

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