sábado, 26 de novembro de 2016

Fidel, a morte, e cinco viagens a ilha



Morre, aos 90 anos, Fidel, líder revolucionário que se converteu em ditador cubano, ao  escravizar  e encarcerar  a ilha para servir aos seus desígnios. Escapou de mais de 600 atentados -dizem- , quase colocou o mundo diante da hecatombe nuclear, na crise dos mísseis; usou o dinheiro do povo e a vida de cubanos para tentar impor sua revolução socialista em muitos países, ceifando milhares de vida. Para sobreviver, pois não se auto sustentava, parasitou a URSS, Venezuela, e, por fim, o Brasil.

Não se pode negar-lhe o imenso carisma, a capacidade de compor um imaginário revolucionário,  e o fato que colocou uma ilha sem maiores poderes na história mundial, dando-lhe uma dimensão que jamais teria. De certo modo, venceu os EUA ao não ser derrotado e sobreviver .

Enfermo de poder, fuzilou milhares de dissidentes, perseguiu violentamente  homossexuais, treinou terroristas, manteve centenas de presos políticos e submeteu o povo a humilhações de obediência inimagináveis, desde não poder entrar em um hotel, a circular livremente.  Muitos  lançaram-se de balsa ao mar, após sonhar com Miami, no Malecon, e, ao fim, a escassez, a fome, tornou  a corrupção da sobrevivência e a prostituição de nível superior, um processo endêmico .

Como todo ditador, anulou a Justica, suprimiu a imprensa e a liberdade de opinião , marcos fundamentais da democracia. Controlou a vida de cada cidadão de forma esmagadora , estimulou que cada um fosse um "chivato" (delator do outro), e viveu com as vantagens e benesses dos senhores absolutos.  Ficou no poder por 47 anos, e, após adoecer, colocou seu irmão na liderança, já fazem dez anos.
A ditadura que o antecedeu e a máfia americana exploraram e prostituíram Cuba de forma avassaladora, o que fez de sua vitória algo a ser celebrado, mas o ideal revolucionário que contaminou a tantos, não resistiu e cobrou um preço alto demais .

Com um salário de 25 dólares, a economia paralela ficou maior que a oficial, e a escassez a marca bruta da falência do regime. A sua grande celebração é ter educado o povo- o que é verdade-, mas ela não passa de um instrumento de controle e doutrinação; de oferecer saúde com índices excelentes, em doenças básicas - outra verdade-, embora não se tenha como checar as informações, ela seja arcaica e o sistema esteja limitado e corroído pelo " agrado por fora" para o atendimento .

É voz corrente entre os cubanos que ele foi eliminando um a um os líderes que desceram com ele de Sierra Mestra : Che, enviado à Bolívia, ficou esperando um apoio que nunca chegou; Cienfuegos, líder muito popular e combatente, morreu em um misterioso acidente aéreo e nunca foi encontrado; Huber Matos,forte líder militar, após dez meses, foi preso por 20 anos e depois deportado, tendo escrito o interessante livro: Cómo llegó la Noche.

A falta de liberdade, palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda, como diz Cecília Meirelles, é a marca de Cuba, ao lado do medo. Por isso paguei a passagem que trouxe a blogueira Yoani Sanchez, ao Brasil, e a Feira de Santana, na sua primeira autorização para sair de Havana- condenação de todos os habitantes, impedidos de viajar por mais de 50 anos-, e senti de perto como agem para combater os dissidentes, quando fomos impedidos de exibir de um documentário sobre ela, em Feira.

Certamente, após a libertação de Cuba da ditadura castrista, muitas verdades sobre a apaixonante ilha ainda virão à tona.

Depois de 5 viagens a Cuba , vendo o que vi, posso dizer que a história não o absolverá Fidel.



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