sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Os ataques a Moro e os projetos pessoais de poder

Goste-se ou não do juiz Sergio Moro é preciso reconhecer que desde a chegada de Cabral a Justiça brasileira não dava um salto para diante de forma tão significativa. Eficaz, com 97% de suas decisões ratificadas pelos tribunais superiores, ele elevou o padrão de funcionamento judicial acostumado ao marasmo e tolerância, colocando em evidência, inclusive,  a ineficiência do STF em condenar os culpados do foro privilegiado, esta aberração jurídica que protege mais de 20.000 mil autoridades. 
 
Comandando a operação Lava-Jato ele condenou politícos, desmontou esquemas, recuperou verbas, encarcerou empresários frequentadores contumazes dos notíciarios de fraude e que jamais sonhamos em ver presos e condenados, e modificou nossa percepção do que deve ser a ação da justiça. Evidentemente que está sujeito a críticas e elas devem ser feitas. Em uma operação com a envergadura da Lava-Jato seria quase impossível não haver alguma eventual ação que gerasse embate juridico, o que deve ser ententido naturalmente. Aliás, até acho que deve haver alguma lei que limite o abuso de autoridade, embora não aquela patrocinada por Renan e seus asseclas.
 
O que estamos vendo, no entanto, é que a medida que a Lava-Jato se aproxima das lideranças políticas mais destacadas, com cacife presidencial, nos diversos partidos, acentua-se as acusações e tentativas de desgastar e apear Moro de seu cavalo de batalha.  O ataque nasce quando cada um vê ameaçado seu projeto de poder. Agora, a novidade, é acusar Moro de ser político e candidato, o que o juiz nunca sinalizou. No entanto, se o fosse, desde que afastado da magistratura, não haveria nada de ilegal, nem invalidaria nenhuma de suas ações. O argumento serve apenas como sofisma para justificar as reações e escolhas pessoais de poder. 
 
O que os políticos delatados tem de justificar são seus crimes, que lesam os brasileiros e o país. Moro, por sua vez, deve buscar o rigor da lei e não sair de sua margem.  Aliás, sou contra uma parte das 10 medidas contra a corrupção que ele defende exatamente porque acho que vai além do papel do estado, como o tal do " teste de honestidade",  mas nem por isso vou deixar de reconhecer o monumental trabalho e exemplo que ele está legando a esta esfacelada e saqueada nação. 

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