quinta-feira, 3 de novembro de 2016

É proibido proibir



Foi o que disse um velho compositor baiano que, contraditoriamente, não segue ele mesmo o preceito que criou. O tema “proibição” é um dos primeiros preceitos bíblicos, contido na fábula de Adão e Eva. Segundo ela, os dois primeiros seres humanos criados por Deus poderiam viver no Paraíso, desfrutando de tudo que a natureza lhes oferecia, mas apenas não podiam comer o fruto da macieira. Como tudo que é proibido é desejado, eles não resistiram, comeram a maçã e foram expulsos do Paraíso, sofrendo então as agruras de ter que trabalhar para ganhar o pão de cada dia, se reproduzir e criar filhos, e perder a harmonia com os animais e passar a ter que caçá-los para se alimentarem e por eles serem caçados. A mensagem é clara, só não entende quem não quer entender.


         A proibição é a pior desgraça que os seres humanos enfrentam na sua vida cotidiana. Ela encerra o conceito de que existem seres superiores, humanos como todos, que nos impõem normas e leis absurdas, como se não fossemos capazes de gerir nossas próprias vidas e decidir por nós mesmos o que seria bom ou ruim para cada um. Daí que uma multidão de covardes e imbecis se rende a minorias de ditadores espertalhões, que lhes domina pela força, pelo medo, ou apenas com palavras cobertas de promessas de uma vida melhor se se comportaram como bons meninos e obedecerem direitinho ao que lhes for determinado pelos seus “donos”. E então imprimem manuais de procedimento e distribuem entre o “rebanho” que, se não seguirem os manuais, serão castigados. E é aí que aparecem as distorções sociais, a corrupção, a extorsão, a violência e todas as mazelas que afligem a comunidade.

         Não sou totalmente contra os manuais de conduta, em geral são úteis para que tomemos decisões e, além disso, alguma ordem se faz necessária, alguma autoridade tem que ser conferida e algum poder delegado, para que a comunidade possa viver em prosperidade e paz. Contudo, é preciso que aqueles investidos de autoridade e poder, tenham bom senso e não saiam a criar regras, leis e procedimentos, sem ouvir quem lhes investiu de autoridade e poder, e lhes paga pelo trabalho, ou seja, o povo. E a falta de bom senso das autoridades é que nos leva a esse caos em que hoje vivemos no Brasil.

         Mas, tudo começa pela Constituição Federal que parece ter sido redigida por malucos e é mudada diariamente. A Constituição de um país, a Lei Maior, tem que trazer no seu teor as diretrizes básicas referentes às sua organização política e social. Isto posto, cada estado e município deverão redigir suas cartas menores, contendo leis que, sem ferir os princípios contidos na Carta Magna, contenham leis e normas em acordo com os usos e costumes de cada região (principalmente num país de dimensões continentais como o nosso), e em comum acordo com as populações.

E estas “Cartas” não podem ser redigidas por analfabetos e ignorantes, mas por indivíduos dotados de conhecimento em nível superior, representantes dos poderes constituídos, ouvidos antes os representantes da sociedade organizada. Uma mudança nestas leis maiores (Federal, Municipal ou Estadual), só pode ser feita mediante proposta oriunda da comunidade e acatada pelos representantes dos poderes constituídos e da sociedade, para que debatam a proposta e decidam sobre ela.

         Do jeito que está é o que chamamos popularmente de “porralouquice”. Daí que qualquer “senadeco”, “deputeco” “juizeco”, ou filósofo de boteco, tem lá uma idéia estapafúrdia e começa a elaborar leis e normas a torto e a direito, e começam a empurrar goela abaixo do povo que sequer foi ouvido a respeito. O grande exemplo atual é o juiz federal lá do Ceará que de uma canetada só tenta extinguir as vaquejadas em todo o país, sem observar, além da questão sócio cultural, todo o estrago que tal decisão fará na já combalida economia do País.

         Bom senso, senhores!

         O País precisa de doses maciças de bom senso. Por favor!



P.S. Alô pessoal que defende os “direitos dos animais”. Sejam coerentes e parem de comê-los”.

        

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