sexta-feira, 15 de março de 2013

A Lei Seca Tupiniquim e as “contas de chegar”



“Auriverde pendão de minha terra,
...Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha”!
(Castro Alves in Navio Negreiro”

         Na semana passada eu falei aqui sobre a Lei Seca nos Estados Unidos, que não deu certo, e disse que embora a Lei Seca aqui seja um pouco diferente, também não vai dar certo. As autoridades invertem equações e forjam números para demonstrar de forma falsa que suas ações estão dando resultados. A Lei Seca é um exemplo destas “contas de chegar” do governo.
         As autoridades dizem que as pessoas não estão mais conscientes a respeito de beber e dirigir, e por isso há poucos flagrantes nas Blitze. É falso. As pessoas estão, isso sim, com medo das blitze e ficando em casa. Do mesmo modo, estão desistindo de prestar queixas, pois sabem que é constrangedor e inútil, e por isso há menos registros de ocorrências, e não porque a criminalidade diminuiu, como dizem as autoridades.
As pessoas já estão evitando sair de casa com medo da violência dos bandidos, e agora estão mais isoladas ainda com medo da polícia. Sem gente nas ruas e nos bares, não há ocorrências, mas em consequência, as pessoas não se reúnem e perdem sua capacidade de trocar idéias e informações e, consequentemente, de se mobilizar para protestar. E não me venham com essa de redes sociais com alternativa. Protesto só dá resultados quando é realizando com o povo nas ruas. E é justamente isso o que o governo não quer.
Dizem que de boas intenções o inferno está cheio. Em que pese as possíveis e duvidosas boas intenções de quem defendeu a criação da Lei Seca, está embutida a intenção de tirar do povo a sua capacidade de trocar informações e se mobilizar. E não esqueçam que vem aí a lei que cria o Conselho Federal de Jornalismo, que vai amordaçar a imprensa, tirando do povo o direito à informação e à liberdade de expressão.
         O governo insiste em afirmar que este ano teremos recorde na produção de grãos. Não sei qual o milagre, pois o Nordeste não está produzido nem para comer, e as demais regiões produtoras estão enfrentando enchentes, que assim como a estiagem, também danifica a lavoura e, de quebra, acaba com as estradas que já são ruins, e não há como escoar o pouco que se colhe.
         Mentiras podem ser proferidas, números podem ser maquiados, mas quando a fome bate  as pessoas acordam para a realidade. O governo renunciou a alguns impostos para reduzir o valor da cesta básica, mas, segundo os donos de supermercados, isso ainda não se refletiu na prática. Os preços continuam subindo e a inflação reprimida, quando estourar, fará surgir aos olhos dos incrédulos, dos inocentes úteis, a nossa cruel realidade.

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