sexta-feira, 22 de março de 2013

Super-memória. Qualquer um pode ter



            Foi aos 12 anos que a americana Jill Price percebeu que lembrava de rigorosamente tudo o que tinha acontecido naquele ano. Não eram memórias só do aniversário, do Natal ou das férias, mas de detalhes, inclusive como a data exata em que isso aconteceu - 30 de maio de 1978. "Sempre tive uma boa memória. Minha primeira lembrança é de quando eu tinha um ano e meio e estava no berço", diz. Foi perto dos 20 anos que Jill passou a achar que lembrar de tudo - de notícias importantes a qualquer bobagem do dia a dia - era um fardo pesado demais. Mas aos 34 anos decidiu procurar ajuda, porque, segundo ela mesma, a memória estava controlando a sua vida - a americana sabia detalhes de todos os dias desde 1980. E foi fácil checar a veracidade da supermemória: em jornais da época e nos diários que Jill escrevia desde criança.
            Foi procurando no Google (no dia 5 de março de 2000) pela palavra "memória" que a mulher que nunca esquece encontrou o cientista James Gaugh, da Universidade da Califórnia. O cientista e sua equipe resolveram se dedicar ao caso e desvendar a chave da memória de elefante de Jill. Embora não saibam explicar com certeza como acontece esse processo, que chamaram de síndrome hipertiméstica (do grego "se lembrar"), elaboraram algumas hipóteses. A partir de exames, descobriram que vinte áreas do cérebro da americana são maiores que a média, inclusive o córtex pré-frontal, responsável pela memória de longo prazo. Também foi constatada uma lateralização anômala, na prática uma mistura na divisão de tarefas entre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro - uma característica ligada ao autismo, doença que Jill não tem.
            Embora pareça um dom e tanto lembrar-se de tudo, a americana, que tem depressão, avisa que não é tão bom assim. Mas torce que ao investigar o funcionamento da supermemória ajude outras pessoas. "Espero que encontrem a cura para doenças que levam as pessoas a perderem não só a memória, mas parte de suas vidas", diz.
            Você pode não conseguir lembrar de como foi o dia que sua mãe o amamentou pela primeira vez, mas mesmo humanos absolutamente normais podem desenvolver uma memória digna de Guiness Book. Um exemplo é Alberto Dell'Isola.
            Nascido em Belo Horizonte, em 12 de janeiro de 1980 (um sábado, ele diz), era professor de matemática e programador de computadores. Na adolescência, aprendeu com um grupo de amigos a hackear o banco de dados de provedores de internet - ele vendia aos colegas de escola o acesso gratuito por R$ 15 e aplicava tudo em cartuchos de videogame. Mas foi só na faculdade de computação, quando fazia uma pesquisa para um trabalho sobre memórias de máquinas, que ele percebeu que queria ser atleta da mente.

Quer dar uma boa melhorada na sua memória? O psicólogo Alberto Dell'Isola dá algumas dicas
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