quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Absurdos corriqueiros

         O ex-vereador Marialvo Barreto esbravejava num programa de rádio sobre o incontrolável roubo de carneiros em propriedades de pequenos produtores rurais. “Se fosse um boi de raça de um fazendeiro, a polícia iria atrás e prendia os ladrões”, afirmou ele em seu desabafo. Em seguida entrou o comandante da PM para dizer que “a polícia não tem a obrigação de proteger a propriedade de ninguém, que o dono é quem tem que dar um jeito de não ser roubado”. Ele só esqueceu de dizer, e o âncora do programa não perguntou, como é que o criador deve fazer para enfrentar os ladrões, se ao cidadão não é dado o direito de portar e nem mesmo ter uma arma em casa para defender sua família e o seu patrimônio.
         São absurdos que ouvimos, presenciamos e sentimos na pele nos dias atuais. Para que serve a polícia então senão para defender a vida dos cidadãos e seus patrimônios, prendendo ou matando bandidos? Marialvo disse ainda que, quando a polícia faz ronda, é com a viatura com o giroflex ligado como a avisar aos bandidos para correr que ela vem aí. E novamente o comandante. Na maior simplicidade, disse que a função do giroflex é essa mesmo, “assustar” os ladrões. Ora, me batam um abacate. Os ladrões veem as luzes, se escondem, e quando o perigo passa retornam ao que estavam fazendo. Tá certo comandante, estamos combinados assim. Mas, o que acontecerá se um cidadão prender um ladrão? Não precisa me responder, eu já sei, já vi muito disso. E não gostei do que vi.
         Mas eu entendo, embora não aceite. Tudo não passa de uma bola de neve gerada por conceitos e atitudes equivocadas das “otoridades” (in) competentes deste grande e desgovernado País. Lá pelos anos 80 era comum se ver policiais fardados dando cobertura e guardando os carros dos ricos convidados até em batizados de bonecas. Isso revoltava os policiais, que se sentiam (e com razão) diminuídos na importância das suas verdadeiras atribuições. E começou um movimento para, equivocadamente, não se designar policiais para cobrir festas particulares. É comum em militares resolver o problema com os carrapatos matando a vaca. E aí entra uma grande dose de orgulho e preconceito. Policiais não tem acesso a uma boa formação sócio cultural, são mal pagos, moram mal, comem mal, e não se sentem (e não são mesmo) integrados à sociedade. Daí se sentirem mais próximos das classes baixas que da média ou alta.
         Uma coisa puxa a outra, e aí eu lembro de um fazendeiro lá pelos idos dos anos 50 ou 60, que se queixou ao governador que a polícia havia confiscado as armas da sua fazenda. O governador, usando o bom senso, chamou o policial que apreendera as armas e disse: “O senhor não sabe que o Estado não tem como garantir a segurança das pessoas no campo? Devolva as armas da fazenda do cidadão”. Simples assim. Os cidadãos de bem (e eu me incluo entre eles), não querem andar por aí armados, trocando tiros com bandidos nas ruas. Mas, querem ter o direito de ter armas em casa para defender sua vida, sua família, sua propriedade. E é papel da polícia sim, defender a vida e a propriedade dos cidadãos. Senão, para que ela existe afinal? Pra efetuar levantamentos cadavéricos, elaborar estatísticas criminais, evitar que bandidos se matem nas ruas e comemorar a queda no índice de homicídios enquanto os cidadãos são assaltados e roubados a qualquer hora do dia em qualquer lugar?

         Se é esse o papel da polícia comandante, então é melhor que apareça apenas em desfiles cívicos ou paradas militares e deixem que os cidadãos se defendam como puderem.

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