sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Amigo chato

         Eu gosto dos meus amigos. Sempre gostei e sempre gostarei. São poucos, os verdadeiros, eu sei. Mas, são os que Deus me deu e eu os aceito como eles me aceitam: Com todas as virtudes e defeitos. Cada amigo verdadeiro que encontrei na minha jornada nesta vida, foi para mim como uma joia, um presente de Deus, uma raridade, um anjo a me fazer companhia. Alguém que sabe gostar e ser gostado, auxiliar e ser auxiliado, dividir os momentos bons e os ruins também, aprendendo e ensinando um ao outro.

         Quando coloquei a cabeça para fora da segurança do meu lar, o mundo não me assustou, me deixou maravilhado. Naquele exato momento eu senti um desejo imenso de desbravar tudo aquilo, experimentar todas aquelas coisas com as quais o mundo me acenava. Nunca pensei nos riscos. Claro que senti medo em algumas oportunidades e nunca arrisquei minha vida inutilmente. Se tive que fazê-lo, sempre foi por justo motivo. A minha vida, assim como as vidas das outras pessoas, sempre me foram caras. Afinal, quem me fez e me trouxe até aqui tinha algum propósito e não gostaria certamente que eu me arriscasse a perder a minha vida em vão. Nascer e morrer são partes das regras, mas nunca deve ser em vão.
         Sem perder o amor pelos meus familiares eu me atirei no mundo e vivi. Vivi intensamente. Andando, correndo, errando e acertando, tropeçando, caindo e levantando, aprendendo as regras do jogo através de tentativa e erro, sem nunca ter medo de arriscar. E foi viajando por esse mundão de Deus que eu conheci lugares e pessoas, usos e costumes, diferentes formas de vida e diferentes formas de viver. As mínimas descobertas sempre encheram meu coração de alegria. Amei, amei, amei. Amei muito. Coisas, lugares e pessoas.
         Porém, como sempre fui inquieto e gosto de compartilhar tudo com as pessoas, a minha aposentadoria precoce e a minha limitação para me locomover, está me tornando um amigo mais chato do que eu já era, pois fico ligando para eles, para conversar abobrinhas, como se eles não tivessem nada mais pra fazer. O aposentado aqui sou eu, ora bolas, ou outros seguem em ritmo normal de trabalho. Reconheço que estou enchendo o saco. Mas, querem saber? Não vou parar. Porque quando vocês se aposentarem também, vão ficar ligando para me encher o saco com piadas velhas e conversas requentadas. Então, aguentem.
         Mas, se eu estiver passando dos limites, basta rosnar um pouquinho que eu já entendo e vou encher o saco de outro.

         Beijão, meus amigos e amigas!

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