terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mangás eróticos com crianças geram debate sobre liberdade de expressão no Japão

Os famosos quadrinhos japoneses, conhecidos como mangás, voltados para adultos têm gerado debates no Japão sobre os limites entre liberdade de expressão artística e pedofilia.
A polêmica começou há algumas semanas quando a relatora especial da ONU para tráfico de menores e prostituição e pornografia infantis, Maud de Boer-Buquicchio, pediu que esse tipo de material fosse banido no Japão.
No ano passado, o governo japonês decretou uma lei que proíbe e penaliza a posse de fotos e vídeos abusivos de menores. Mas, para a relatora da ONU, ainda existem brechas que permitem a exploração infantil, como é o caso dos mangás eróticos.
"Esses conteúdos pedófilo-pornográficos extremos deveriam ser proibidos", disse Maud de Boer-Buquicchio a jornalistas. A representante da ONU citou ainda atividades comerciais que encontram lacunas na lei para continuar atuando, como a venda de DVD's e de álbuns de fotos na internet, e a existência de lojas especializadas em imagens de menores de 12 anos de biquíni ou sunga.

Quadrinhos
No entanto, a grande discussão gira mesmo em torno dos mangás. A maioria dos desenhistas e criadores de animes (desenhos animados japoneses) é contra a ideia de proibir a divulgação de algum tipo de sexualização infantil.
Para eles, desenhos são representações ficcionais, criações artísticas, e não registros de abuso infantil, como fotos de pedofilia. "Misturar representações ficcionais de menores envolvidos em situações sexuais com provas fotográficas de abuso sexual de crianças é confundir realidade com ficção", diz Dan Kanemitsu, tradutor de mangás que criou um movimento na internet para unir os desenhistas e criticar o relatório de Maud de Boer-Buquicchio.
Ele disse à BBC Brasil que culpar a ficção por um ato praticado por um indivíduo pode criar um precedente perigoso. "Se tivéssemos de aceitar a noção de que as pessoas podem facilmente ser incentivados a realizar atos criminosos, então até mesmo a Bíblia poderia ser suspeita", sugeriu.


 Leia matéria completa no BBCBrasil.

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