quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Por que o Brasil não segue outros países que desaconselham gravidez por risco de microcefalia

O Brasil é o país onde o vínculo entre a epidemia de zika e o nascimento de bebês com microcefalia foi identificado. São, segundo o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, 3.448 casos sendo investigados e 270 confirmados de microcefalia em bebês.
O governo brasileiro, porém, tem adotado uma postura diferente da de outros países da América Latina e prefere não recomendar às mulheres que evitem engravidar.
Colômbia, El Salvador e Jamaica já fizeram essa recomendação. Segundo seus governos, é melhor que sejam adiados os planos de gestação até que haja maior clareza sobre os riscos da zika.
Mas, por que o Brasil não faz a mesma sugestão? Especialistas ouvidos pela BBC Brasil apontam fatores históricos, econômicos, políticos e legais por trás dessa relutância.
Autor de Contesting Epidemics: How Brazil outpaced the USA in its Policy Response ("Contestando epidemias: como o Brasil ultrapassou os EUA em suas políticas públicas", em tradução livre), Eduardo Gomez afirma que há diversos motivos para a decisão.
Professor do King's College, de Londres, ele diz que o país se abstém de emitir a recomendação, em primeiro lugar, porque historicamente os valores da sociedade brasileira são incompatíveis com esse tipo de solução.
"Desde 1988 há liberdade à saúde e respeito aos direitos humanos. Isso está escrito na Constituição. Qualquer coisa que vá contra isso é visto como antidemocrático e pode causar sérios problemas políticos ou sociais a qualquer um que recomendar (adiar a gravidez)", avalia.
Em novembro, o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, chegou a aconselhar às mulheres não engravidar, mas o ministério emitiu nota desmentindo que essa fosse a recomendação oficial. (Matéria completa no BBCBrasil



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