Toda viagem da presidente Dilma ao
exterior converteu-se em anedota, mas o encontro do Unasul em que Macri,
presidente argentino, pediu firmemente a libertação dos presos políticos
venezuelanos, enquanto Dilma, uma ex-perseguida da ditadura, elogiava a democracia
da Venezuela, que arrasa o país economicamente, persegue a imprensa, manipula a
Suprema Corte, mata e prende opositores, foi tosca e deprimente, por revelar
nossa recusa em liderar a democracia na América Latina e por escancarar a
vocação totalitária do partido presidencial.
É surpreendente o mandato de ACM
Neto, apesar de alguns erros de equipe, em tempos de crise. A mesma cidade que
João Henrique administrou por tenebrosos oito anos. A fantástica recuperação da
orla, as intervenções na educação, o projeto Minha Casa Melhor, a melhoria do
carnaval, a festa de reveillon, um trade de indiscutível sucesso, na qual os
artistas já disputam participação, as intervenções urbanas e do transporte
coletivo, com melhoria do tráfego, são exemplos da capacidade de reunir
técnicos competentes, jovens, que estão recuperando a cidade. Não fosse a
violência, sem controle, e Salvador teria a velha e incomparável magia de
volta.
Rui Costa colhe a colheita amarga que
ajudou a plantar no leniente e frouxo governo Wagner. Entretanto, apesar de
declarações pontuais desastradas, vem fazendo necessárias e adequadas correções
e cortes na viciada máquina pública. Deste ponto de vista está administrando
melhor do que se esperava que fizesse, inclusive com o desmonte de verdadeiros
feudos eleitorais que existiam.
Pode contabilizar algumas boas obras,
como a ampliação do metrô. Como fruto ruim, massacra o servidor público com
reajuste zero como se estes fossem culpados pelas finanças do estado,
arrebentadas. Como gestor acaba o ano com algum saldo positivo, ainda que não
satisfatório.
Este foi, no longevo mandato de
Ronaldo, o seu ano mais difícil. Teve de enfrentar um nítido descontentamento
do feirense com suas intervenções na Getúlio, e o BRT, ainda de duvidoso
resultado, com inevitável desgaste na sua aprovação eleitoral; deu um discurso
à oposição; enfrentou Defensoria e MP, que o obrigou a inédita meia volta com
realização de audiências públicas e contratação do Plano Diretor Urbano e o
Plano de Mobilidade. No intervalo manteve seu ritmo das obras urbanas e
controle financeiro do caixa da prefeitura, o qual executa com exímia
habilidade e regularidade.
O Natal, no entanto lhe foi generoso:
conseguiu liberar as obras do BRT, receber os 270 ônibus novos da licitação,
lançou um pacote de obras de R$18 milhões e reinaugurou o Mercado de Arte
Popular depois de muita espera. Criou uma onda positiva para encerrar o
ano.
Grupo Torres (leia-se Osmar), Sidel,
Gujão, Grupo IHEF, Mersan, Boulevard (leia-se Piaggio), Distribuidora PDA, Dois
de Julho, Disbal, OMR Construtora, Nobre, Avigro, Grupo Motopel, Le Biscuit,
Cerqueira Goncalves, FCK Engenharia.
Concessão de título de cidadão baiano
pela Assembleia Legislativa a Paulo Henrique Amorim, CONDENADO POR RACISMO, com
trânsito em julgado, em um estado em que 76,3% das pessoas se declararam negros
ou pardos no Censo do IBGE. Pior só o fato de militantes negros tirarem fotos
abraçados ao condenado.
Azul e Aeroporto de Feira, por nada
explicarem e resolverem. Passando por trator puxando avião, balizamento
noturno, cabeceira de pista e outros mi-mi-mi, iludiram o feirense, com uma
malha aérea viável e esperada, de Conquista a Nova York, que se transformou em
conto de fadas.
Tirando nosso Fluminense, que
avançou, foi o do FBI que botou a cartolagem corrupta para fora do campo.
Fez o que não tivemos a coragem de fazer. Esperamos que no segundo tempo,
mais ladrões, inclusive os nacionais, da CBF, recebam cartão vermelho e
apodreçam jogando baba na prisão.
Assim como em 2013 o Natal Encantado
levou o troféu, a Noide em 2014, a obra da Lagoa Grande leva o título este ano,
pela mudança de paisagem que já causou e pelo voto de confiança na sua
conclusão.
A frota dos novos 270 ônibus que
passa a circular em Feira depois de anos de um indigno sistema de transporte
coletivo.
A sessão itinerante, o debate sobre
liberação da maconha, a luta contra estacionamento pago.
A viagem sem sentido para fiscalizar
ônibus, o aberrante discurso fundamentalista religioso, o descompromisso de
alguns com as obrigações das sessões, inclusive saindo antes de chegar.
A corrupção endêmica, a tibieza
institucional, violência desenfreada, mortes desnecessárias, leniência das
leis, deseducação cotidiana, condições primitivas e desrespeitosas de nosso
sistema de saúde, ineficiência da educação e perversa contaminação ideológica,
supervalorização da cultura rasteira, relativismo moral, indiferença brutal e
arrogante da elite, desrespeito ambiental, corporativismo perverso,
delinquência sindical, bacanal partidário, falta de escrúpulo de nossos
políticos, culto excessivo ao hedonismo, os males do Brasil foram em 2015.
São condições que exigem um esforço
monumental para serem vencidas. Ainda somos selvagens, ainda que haja pontos
luminosos e sucessos individuais.
A grande esperança é saber que já
fomos piores e que somos capazes desta mudança, se quisermos, e não fugirmos de
nossas responsabilidades. Fé e participação, Brasil, em 2016, e daremos um país
melhor aos nossos filhos.
Foi o ano da Lava Jato e do juiz
Sérgio Moro. Sentenças incontestáveis, agilidade judicial, firmeza de
objetivos, postura, recuperação de recursos e encarceramento de gente que até
então o mais perto que tinha estado de um presídio era pelo superfaturamento de
alguma construção.
Representou a quebra de mitos,
iniciada por Joaquim Barbosa – que perdeu um pouco por sua nunca explicada
renúncia ao STF e sua arrogância ressentida – e uma dura lição aos maiores golpistas
dos recursos públicos. Este sim, um verdadeiro herói da pátria.
O MPF brilhou com a força-tarefa da
Lava Jato, embora o Procurador Geral, Janot, nos deva explicações de certas
ações que parecem ter mais vigor contra uns que outros (Cunha e Renan, por
exemplo, ou Gleise e Pallocci).
A denúncia que resultou na prisão do
senador em exercício do mandato (Delcidio Amaral- PT) representou, no entanto,
um grande “ponto fora da curva”, que é sempre onde a Justiça devia estar, ao
contrário do que diz o tenebroso Ministro Barroso, do STF.
O MPF acaba o ano com um saldo muito
positivo.
É lamentável que o evento tenha
encolhido. O sucesso, apesar disto, é sinal de que há público para este tipo de
evento. Pela primeira vez um evento atrai turistas (como ouvi duas senhoras de
Riachão e Tanquinho, no show da Família Lima, que tinham vindo só pra ver o
Natal) e tem potencial extraordinário para tornar-se referência de toda a
região, aumentando o comércio, ocupação de hotéis.
O Natal ameniza o tom seco e a aridez
da cidade, encanta os corações, e gera renda. Por isso não podemos aceitar sua
redução, nem mudança do perfil – acabando em loteamento de indicação de
atrações, como na Micareta -, e cobrando o máximo de profissionalismo e
competência técnica na sua execução.
É um produto que precisa ser muito
trabalhado e valorizado e o secretário Cordeiro tem condições de correr atrás
desta dimensão.
Uma mudança neste setor raramente é
súbita. De modo geral ela é processual, mas sem dúvida que este foi o ano em
que Feira encolheu os eventos baseados no axé/pagode/arrocha e descobriu que há
todo um outro público - famílias, grupos mais idosos -, que precisa de lazer.
Os shows passaram a trazer atrações de outro segmento (do humorista Tom
Cavalcante ao saxofonista Leo Gandelman e João Bosco) com boas plateias. Um
mérito das novas casas de espetáculos e seus produtores, do acerto do Natal
Encantado com novas atrações, que ampliaram o cenário cultural da cidade. Que
persistam, pois o público vai sendo formado.
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