quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Quem paga a conta

         O preço da passagem de ônibus urbano em Feira de Santana vai aumentar e, dizem, é uma das mais caras do Brasil, se não a mais cara. Mas, porque é assim? O preço dos combustíveis aqui é mais caro do que no resto do Brasil? Os pneus, peças, e outros itens de manutenção também são mais caros que nos demais municípios e estados? Os salários de motoristas, cobradores, fiscais, mecânicos, etc., também são mais altos? Poderia se atribuir à escorchante carga tributária do governo, mas isso não é privilégio de Feira de Santana, ocorre em todo o País. Então, porque as passagens de ônibus aqui são tão caras?

         São caras pelo mesmo motivo que encarece serviços e ações dos poderes públicos em todo o Brasil. Os governantes, todos eles, adoram fazer bonito, jogar para a torcida, oferecendo benesses ao povo que, sem entender nada sobre economia, acha que está recebendo um benefício, mas, no fim das contas, é ele mesmo quem vai pagar a conta.
         Vamos começar pelo tal do “Passe Livre”, oferecido graciosamente pelos governos a algumas categorias. Por exemplo, a meia passagem para estudantes. As empresas de transporte não oferecem esse desconto de graça. O Poder público, em alguns casos, paga a diferença para as empresas, mas cobra da população em forma de tarifas, ou impostos criados para este fim. Mas, geralmente as empresas incluem o valor da diferença na sua planilha de custos, na hora de estabelecer o valor da passagem. Dessa forma, quem paga passagem, banca quem não paga. E as empresas estão certas. Não são casas de caridade, são empreendimentos com fins lucrativos, que geram empregos e renda, e pagam impostos e encargos sociais aos poderes públicos.
         Cada vez que o governo concede passe livre para determinada categoria, os demais passageiros arcam com ônus de pagar as passagens que deixaram de ser pagas, pagando um valor de passagem mais alto. E a Câmara Municipal de Feira de Santana é pródiga em conceder passes livres para fazer média com determinadas categorias de trabalhadores. O pior, é que quem recebe o passe livre comemora, sem saber que esta conta lhe será apresentada indiretamente, através do aumento do custo de vida, impulsionado pelo aumento do preço das passagens o que, por sua vez, impulsiona a inflação que desvaloriza a moeda.
         Não existe almoço de graça, um sábio já disse. Até quando meu filho me dá um presente, eu sei que ele espera em troca mais carinho e afeto do que eu já lhe dou. Tudo bem. É um preço que pago com prazer. Mas, em se tratando de relação governo/cidadão, o preço a pagar é sempre muito alto. O programa Bolsa Escola, idealizado por FHC, tinha o mérito de ser temporário. Era uma ajuda de custo para que os pais tirassem seus filhos do trabalho e os mantivesse na escola, estudando, se capacitando, para se tornarem cidadãos produtivos no futuro. Lula veio e criou o Bolsa Família, uma esmola permanente que incentiva a vagabundagem. É claro que quem recebe o benefício, os pobres, ignorantes e analfabetos, ficam felizes, porque não se dão conta na armadilha que caíram. Essa categoria, que tanto reclamou dos antigos coronéis, que lhes tratava a pão e água, forçando-os a permanecer na miséria, sempre dependentes deles, não perceberam que Lula oficializou o coronelismo, forçando-os a permanecerem na miséria, sempre dependentes do governo.
         Contudo, não existe economia que se mantenha quando se retira dinheiro de quem produz para dar a quem nada faz. Não por acaso, Margareth Thatcher disse que “o comunismo termina quando acaba o dinheiro dos outros”. É o que aconteceu na Venezuela, na Argentina onde o povo cansou do bolivarismo (novo nome do comunismo). E está acontecendo agora no Brasil, onde o comerciante, o industrial, o fazendeiro, que não faliu, vendeu o que tinha e está indo embora para outros países, deixando atrás de si a horda de desempregados, engrossada por aqueles que faliram antes de poder ir embora.
         Um cidadão para ser livre e viver dignamente, não pode ficar esperando que os governantes façam nada por eles, que lhe dê dinheiro e comida. Governante tem a obrigação de lhes oferecer infraestrutura, na forma de água, energia, limpeza, segurança, transporte. Têm que manter uma economia forte para gerar emprego e renda que garanta aos seus cidadãos um padrão de vida que lhe permita pagar um plano de saúde para suas famílias e escolas para os seus filhos. O cidadão não pode ganhar salários miseráveis que não lhe permita dar conforto e proteção para sua família, sem depender de “ajuda” do governo. Porque esta tal “ajuda”, quem paga a conta é o próprio cidadão. Às vezes, com a própria vida, morrendo nas portas dos hospitais ou sob a mira ou sob a mira de algum assaltante.

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