segunda-feira, 18 de abril de 2016

A falta de líderes

       O país continua sem um líder. É um vazio em busca de um discurso. A dita oposição não consegue conquistar o apoio da população e, apesar de todo o desgaste do governo, seus líderes, sempre frouxos, eivados de suspeitas do mesmo comprometimento que está sendo denunciado do governo, não conseguem um discurso que represente uma alternativa de poder.

            Precisamos rever urgentemente a formação de líderes ou continuaremos jogados nos braços de populistas, salvadores e aventureiros. É uma pena que as entidades estudantis encontrem-se cooptadas por vultosas verbas, ou comprometidas ideologicamente, impedindo a formação de uma geração que possa ocupar o lugar dos cansados, comprometidos, dirigentes atuais. 

Não existe dia fácil
            É evidente que um processo cujo rito foi organizado pelo STF não é golpe. Aliás, vários ministros atuais do STF e o ex, Eros Grau, já ratificaram o procedimento como constitucional. Ou teríamos, de forma sui generis, um golpe normatizado pela Corte Suprema e com amplo direito de defesa nas suas diversas etapas, como está acontecendo. 
            Cada um, por suas razões e interpretações, pode achar que ele é justo ou injusto, mas que o procedimento faz parte das normas de controle democrático do poder, nem sequer cabe mais discutir. O processo que aponta o possível crime de responsabilidade da presidente será discutido e, se acharem que culpa existe, ela será afastada; se não existe, ela permanecerá.
            O discurso do golpe é um factóide para motivar a militância e tentar midiaticamente desqualificar o processo. Faz parte da luta para ganhar corações e mentes. Não mais que isso. Não custa lembrar, aliás, que o PT que agora reclama pediu o impeachment de FHC por quatro vezes. Dois pedidos por Milton Temer, um por Genoíno, depois condenado por corrupção, e um por Fantirim, todos deputados. Além dos pedidos por outros partidos. Resta, ainda, na memória, famoso artigo de Tarso Genro, em 1999, na Folha, pedindo o impedimento de FHC.
            A verdade é que o crime de responsabilidade pelas pedaladas fiscais é o menor dos crimes. Não custa lembrar que no art. 85 da Carta, está previsto como crime de responsabilidade do presidente o atentado contra o livre exercício do Poder Legislativo.          Tal atentado ocorreu flagrantemente na cooptação de parlamentares, por meio de vantagens políticas ou pagamento de mesadas como ficou claro no mensalão de Lula e no Petrolão de Dilma. Não é a toa que o decano Celso de Mello disse que o mensalão foi uma “tentativa de solapar a democracia”. E sabemos que esta se manteve neste governo.
            Há, ainda, o julgamento de suas contas da campanha, irrigada por dinheiro ilegal (R$100 milhões, dos quais 20 por dentro e 80 por fora) conforme a delação premiada só da Andrade Gutierrez, já homologada pelo STF. Além disto,  já se sinaliza claramente a tentativa de obstrução da Justiça com a nomeação de Lula para ministro. Crimes, portanto, não faltam.
            Dilma já não governa o país. Foi transformada em fantoche, sem significância, pelo ex-presidente Lula que se tornou um Ministro de Quarto de Hotel, comandando o governo de forma paralela sob sua complacência, em criminoso leilão de cargos e verbas, pois não se pensa no funcionamento da máquina, mas apenas na garantia dos votos, em um processo ilegítimo e indecente.  Aliás, se vencer, será uma vitória de Pirro, pois já não reúne as condições políticas para aprovar medidas ou dar garantias ao mercado. 
            A corrupção endêmica, a destruição da economia causada pela explosão dos gastos para garantir o segundo mandato que se converteu em um estelionato eleitoral, a recessão, inflação, desemprego, a falência ética do partido, são temas que não têm defesa no mundo prático. Por isso é mais conveniente investir no debate teórico do golpe, já que lhe falta a grandeza da renúncia.
            Longe da maioria dos brasileiros, no entanto, acreditar que um governo que tem Cunha como segundo homem na linha sucessória e Renan, na terceira, seja a solução definitiva. É a opção do momento, o movimento possível, visto que a convocação de eleições, embora tentadora, está fora da Constituição.
            O país precisa enfrentar seus fantasmas e medos. O Brasil precisa é não descansar no day after, não acreditar que vai amanhecer com a sensação do dever cumprido e problemas resolvidos.  
            Evidente que Cunha e, talvez, Renan, serão rifados pela lei, mas, caso o impedimento passe, não poderemos descansar, para não permitir que forças lideradas pelo habitualmente torpe PMDB e coligados - salvo as exceções -, não use sua chegada ao poder para impedir as ações da Lava-Jato ou para criar medidas que enfraqueçam as investigações atuais e futuras.
            Diz um ditado popular que a luta só acaba quando termina. O impeachment não acaba a luta. Apenas finda uma batalha. Como disse o brilhante Churchill, na segunda guerra, após vencer uma batalha contra os alemães: isto não é o fim, não é nem mesmo o começo do fim, mas, é, talvez, o fim do começo.
O futuro é permanecer nas ruas. 

Lagoas e a tolerância municipal
       Evidente que a Lagoa do Subaé é uma APP. Afinal a BR 324 a cortou ao meio, assim como a Avenida José Falcão cruzou, letalmente, as lagoas do outro lado da cidade.
            Impressiona, no entanto, ao longo de todos estes anos, o pulso pouco firme do governo municipal no enfrentamento à ocupação destas áreas, seja por pessoas de baixa renda, seja por mega-empresários.
            Se algo resta, ou se algo se salvou, é graças ao esforço da sociedade civil, que combate, pressiona, exige. Não fosse isto não restaria uma poça de água das nascentes da cidade.
            Preservação de manancial hídrico não é uma luta ecológica xiita.  É uma necessidade vital para o futuro. A impermeabilização do solo, a destruição do bioma, a redução da temperatura pela circulação do ar, são aspectos centrais, mas há, também, questões relacionadas a lazer, redução de obesidade, e, beleza. 
            O poder jamais deveria estar a reboque nestas questões e, sim, estar na dianteira, porque o contrário evidencia um brutal desprezo urbanístico. 


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