O país continua sem um líder. É um vazio em busca de um discurso. A dita
oposição não consegue conquistar o apoio da população e, apesar de todo o
desgaste do governo, seus líderes, sempre frouxos, eivados de suspeitas do
mesmo comprometimento que está sendo denunciado do governo, não conseguem um
discurso que represente uma alternativa de poder.
Precisamos
rever urgentemente a formação de líderes ou continuaremos jogados nos braços de
populistas, salvadores e aventureiros. É uma pena que as entidades estudantis
encontrem-se cooptadas por vultosas verbas, ou comprometidas ideologicamente,
impedindo a formação de uma geração que possa ocupar o lugar dos cansados,
comprometidos, dirigentes atuais.
Não existe dia fácil
É
evidente que um processo cujo rito foi organizado pelo STF não é golpe. Aliás,
vários ministros atuais do STF e o ex, Eros Grau, já ratificaram o procedimento
como constitucional. Ou teríamos, de forma sui generis, um golpe
normatizado pela Corte Suprema e com amplo direito de defesa nas suas diversas
etapas, como está acontecendo.
Cada
um, por suas razões e interpretações, pode achar que ele é justo ou injusto,
mas que o procedimento faz parte das normas de controle democrático do poder,
nem sequer cabe mais discutir. O processo que aponta o possível crime de
responsabilidade da presidente será discutido e, se acharem que culpa existe,
ela será afastada; se não existe, ela permanecerá.
O
discurso do golpe é um factóide para motivar a militância e tentar
midiaticamente desqualificar o processo. Faz parte da luta para ganhar corações
e mentes. Não mais que isso. Não custa lembrar, aliás, que o PT que agora
reclama pediu o impeachment de FHC por quatro vezes. Dois pedidos por Milton
Temer, um por Genoíno, depois condenado por corrupção, e um por Fantirim, todos
deputados. Além dos pedidos por outros partidos. Resta, ainda, na memória,
famoso artigo de Tarso Genro, em 1999, na Folha, pedindo o impedimento de FHC.
A
verdade é que o crime de responsabilidade pelas pedaladas fiscais é o menor dos
crimes. Não custa lembrar que no art. 85 da Carta, está previsto como crime de
responsabilidade do presidente o atentado contra o livre exercício do Poder
Legislativo. Tal atentado ocorreu
flagrantemente na cooptação de parlamentares, por meio de vantagens políticas
ou pagamento de mesadas como ficou claro no mensalão de Lula e no Petrolão de
Dilma. Não é a toa que o decano Celso de Mello disse que o mensalão foi uma
“tentativa de solapar a democracia”. E sabemos que esta se manteve neste
governo.
Há,
ainda, o julgamento de suas contas da campanha, irrigada por dinheiro ilegal
(R$100 milhões, dos quais 20 por dentro e 80 por fora) conforme a delação
premiada só da Andrade Gutierrez, já homologada pelo STF. Além disto, já
se sinaliza claramente a tentativa de obstrução da Justiça com a nomeação de
Lula para ministro. Crimes, portanto, não faltam.
Dilma
já não governa o país. Foi transformada em fantoche, sem significância, pelo
ex-presidente Lula que se tornou um Ministro de Quarto de Hotel, comandando o
governo de forma paralela sob sua complacência, em criminoso leilão de cargos e
verbas, pois não se pensa no funcionamento da máquina, mas apenas na garantia
dos votos, em um processo ilegítimo e indecente. Aliás, se vencer, será
uma vitória de Pirro, pois já não reúne as condições políticas para aprovar
medidas ou dar garantias ao mercado.
A
corrupção endêmica, a destruição da economia causada pela explosão dos gastos
para garantir o segundo mandato que se converteu em um estelionato eleitoral, a
recessão, inflação, desemprego, a falência ética do partido, são temas que não
têm defesa no mundo prático. Por isso é mais conveniente investir no debate
teórico do golpe, já que lhe falta a grandeza da renúncia.
Longe
da maioria dos brasileiros, no entanto, acreditar que um governo que tem Cunha
como segundo homem na linha sucessória e Renan, na terceira, seja a solução
definitiva. É a opção do momento, o movimento possível, visto que a convocação
de eleições, embora tentadora, está fora da Constituição.
O
país precisa enfrentar seus fantasmas e medos. O Brasil precisa é não descansar
no day after, não acreditar que vai amanhecer com a sensação do
dever cumprido e problemas resolvidos.
Evidente
que Cunha e, talvez, Renan, serão rifados pela lei, mas, caso o impedimento
passe, não poderemos descansar, para não permitir que forças lideradas pelo
habitualmente torpe PMDB e coligados - salvo as exceções -, não use sua chegada
ao poder para impedir as ações da Lava-Jato ou para criar medidas que
enfraqueçam as investigações atuais e futuras.
Diz
um ditado popular que a luta só acaba quando termina. O impeachment não acaba a
luta. Apenas finda uma batalha. Como disse o brilhante Churchill, na segunda
guerra, após vencer uma batalha contra os alemães: isto não é o fim, não é nem
mesmo o começo do fim, mas, é, talvez, o fim do começo.
O futuro é permanecer nas ruas.
Lagoas e a tolerância municipal
Evidente que a Lagoa do Subaé é uma APP. Afinal a BR 324 a cortou ao meio,
assim como a Avenida José Falcão cruzou, letalmente, as lagoas do outro lado da
cidade.
Impressiona,
no entanto, ao longo de todos estes anos, o pulso pouco firme do governo
municipal no enfrentamento à ocupação destas áreas, seja por pessoas de baixa
renda, seja por mega-empresários.
Se
algo resta, ou se algo se salvou, é graças ao esforço da sociedade civil, que
combate, pressiona, exige. Não fosse isto não restaria uma poça de água das
nascentes da cidade.
Preservação
de manancial hídrico não é uma luta ecológica xiita. É uma necessidade
vital para o futuro. A impermeabilização do solo, a destruição do bioma, a
redução da temperatura pela circulação do ar, são aspectos centrais, mas há,
também, questões relacionadas a lazer, redução de obesidade, e, beleza.
O
poder jamais deveria estar a reboque nestas questões e, sim, estar na dianteira,
porque o contrário evidencia um brutal desprezo urbanístico.
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