sexta-feira, 8 de abril de 2016

De saques, pobreza e política

         Em São Paulo, uma carreta carregada com caixas de leite virou e dezenas de pessoas, todas nitidamente humildes, saquearam a carga. Corta para Salvador, onde uma carreta carregada com soja virou no bairro de Águas Claras, e também teve parte da carga saqueada, da mesma forma por gente humilde, até mesmo maltrapilha. Entrevistadas, algumas pessoas disseram que iriam preparar comida com o produto. Ou seja, ninguém saqueou para vender, mas para comer.
         Fico a pensar: será que em sociedades onde aqueles que prometeram que não faltaria mais comida na “mesa dos pobres” e cumpriram a promessa, as pessoas saqueariam esse tipo de carga (salvo, claro, se for alguém que o faça em grande quantidade e para vender)? Não seria sintoma de extrema pobreza correr atrás de meia dúzia de pacotes de leite ou dois ou três quilos de soja? Ou ainda roubar um pacotinho de bifes, num mercado, conforme ocorreu em Salvador há alguns dias?
         E que tem a ver tais situações com o atual grupo que governa o País e também em relação àqueles que querem derrubá-lo, mas fizeram governos só para as elites? Tudo a ver. Merece impeachment, processos, repúdio, todos eles, pois a população brasileira continua miserável, e, agora, perdendo o emprego, aqueles que o tinham e ganhava merrecas.
         A sociedade brasileira, na periferia das grandes cidades, segue vivendo em barracos, em comunidades com ruas sem pavimentação e metade dos brasileiros não tem esgoto tratado. Os brasileiros continuam pobres, muito pobres, e à mercê de uma saúde pública falida e da violência brutal. A juventude brasileira segue sendo assassinada e suicidando-se com drogas como o crack.
         Tudo continua como sempre foi, e só piorando. Vereadores, prefeitos, governadores, presidentes, deputados, senadores, nunca se preocuparam seriamente com isso. Vivem de factoides, de slogans simpáticos mas ineficazes, deram as costas para o povo, em nome do qual sempre enchem a boca nos palanques.
         Aliás, falam dos pobres com tal veemência demagógica que chega a ser acintoso.

         Mais do que pedalas fiscais e até mesmo rombos em estatais, eis o maior crime dessa gente: um verdadeiro genocídio.

Nenhum comentário: