quarta-feira, 13 de abril de 2016

Não existe dia fácil

         
  É evidente que um processo cujo rito foi organizado pelo STF não é golpe, como já referendado por vários ministro atuais e ex- do mesmo tribunal, inserindo-se dentro dos procedimentos legais da democracia. Do mesmo modo o amplo direito de defesa está sendo plenamente exercido pelo advogado da presidente na função de Advogado da união e de seus partidários políticos.
            Politicamente, não custa lembrar que o mesmo PT pediu 4 impeachment contra FHC, dois pedidos por Milton Temer, um por Genoíno e um por Fantarim, ex-deputados, além dos outros pedidos por outros partidos. E, resta na memória, famoso artigo de Tarso Genro, em 1999, na Folha, pedindo o impedimento de FHC. A conversa do golpe, então, destina-se a fornecer um discurso midiático a militância que, sem argumentos para justificar a corrupção endêmica que saqueou o país, a falência ética total do partido, os recursos ilegais nas campanhas de Dilma, como revelam as construtoras e o marqueteiro preso, as pedaladas fiscais para cobrir o rombo das contas, e o estelionato eleitoral, apegam-se a este grito de salvação.
            Ao tentar justificar o crime, acusam o sucessor, como se os pecados do outro, de resto, ex-parceiro e tendo recebido os votos da parceria, invalidassem o correto processo jurídico. Dilma tentou, claramente, obstruir a justiça ao tentar nomear Lula ministro, que, impedido, armou um balcão de negociatas em um hotel, transformando a presidente em um fantoche sem poder e sem significância. Enquanto isto o Brasil segue em um processo violento de afundamento econômico, moral, ético, administrativo, injusto com a população. Impossibilitada de governar, falta a Dilma a grandeza da renúncia.
            Longe de nós, entretanto, acreditar que o poder em que tem Cunha como segundo homem na linha sucessória e Renan na terceira, seja a solução definitiva. É a opção do momento, visto que a convocação de eleições, embora tentadora, está fora da Constituição.
            O que o Brasil precisa é não descansar no Day After, não acreditar que vai amanhecer com a sensação do dever cumprido. Evidente que Cunha e, talvez Renan, serão rifados no dia seguinte. Será inevitável e serão presos, mas não poderemos descansar para que estas forças -o habitualmente torpe PMDB, salvo as exceções- não use sua força para impedir as ações da lava-jato ou para criar medidas que a enfraqueçam.
            A luta só termina quando ela acaba. E o impeachment não acaba a luta, apenas, finda uma batalha.

            Como disse o brilhante Churchill, na segunda guerra, após vencer uma batalha contra os alemães : isto não é o fim, não é nem mesmo o começo do fim, mas é, talvez, o fim do começo.

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