O INSUCESSO e o fracasso fazem parte de nossa vida.
Nem sempre a intensidade é a mesma, mas sempre são dolorosos. E muitas vezes
são convites ao desânimo. Em minha vida nada dá certo, argumentam alguns; e por
isso, desistem. E justificam-se: o meu projeto caiu e esfarelou-se, assim como
acontece com o vaso de argila. Os pedaços não servem para mais nada
O ÚNICO, o maior, o definitivo fracasso é quando
desistimos. Isso vale para a vida afetiva, econômica e social. Vale – sobretudo – para nossa fé. Há
dentro de cada um de nós a ilusão de sermos perfeitos, à semelhança de anjos.
Quando as coisas vão mal, desmancha-se nossa autoimagem, e surgem sentimentos
de culpa.
A CULPA nunca parte do Oleiro, isto é, de Deus.
Ele refaz uma, dez, vinte, setenta vezes, nosso projeto. E o vaso pode ficar
mais bonito. Deus jamais cansa de perdoar, lembra o Papa Francisco. E o perdão
de Deus não ilumina apenas o passado. É
convite para recomeçar. Para Deus não há casos perdidos. Todos continuamos
salváveis. A graça de Deus e a humildade da criatura são os elementos básicos
para esse recomeçar.
ENTRE os doze apóstolos temos dois exemplos
clássicos. Quase ao mesmo tempo, dois vasos caíram e se fizeram em pedaços.
Judas e Pedro traíram Jesus. O primeiro vendeu o Mestre por trinta moedas, o
segundo jurou que não o conhecia.
DIFERENTE foi a reação. Judas desistiu, convencido
que não havia mais caminho de volta. Pedro,
após chorar amargamente deixou que Jesus fizesse outro vaso com o mesmo barro.
Judas desapareceu no silencio do túmulo, Pedro tornou-se o primeiro Papa. Se
Judas tivesse permitido o Oleiro refazer o vaso, teríamos, hoje, um santo de
primeira grandeza.
NINGUÉM está livre de pequenos ou grandes
fracassos. Quando tudo desmorona, quando os sonhos mais lindos acabam, ai é a
vez de Deus. Ele precisa apenas de material disponível. No dia a dia, muitos se
erguem com sua força e vontade de fracassos econômicos e afetivos. Bem mais fácil
é a reconstrução espiritual. O apóstolo Paulo, que teve seus problemas,
proclama: “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13)
+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
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