segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Reduzir ministérios contribui pouco para corte de gastos, mas tem poder simbólico

Atendendo a pressões de políticos e da opinião pública, o governo Dilma Rousseff anunciou nesta segunda-feira que vai cortar dez de seus 39 ministérios até final de setembro.
Embora a medida tenha o valor simbólico de demonstrar que o governo está "cortando na própria carne", não produzirá impacto relevante no sentido de melhorar as contas públicas e viabilizar um ajuste fiscal mais robusto, afirmam economistas ouvidos pela BBC Brasil.
Isso acontece porque a grande maioria dos gastos do governo está concentrada em poucos ministérios, principalmente na área social. Boa parte são despesas obrigatórias – com saúde, educação, aposentadorias – que não podem ser reduzidas com uma mera canetada.
"Na prática, o que é isso perto do que o governo gasta com juros, perto de outras despesas que não podem ser cortadas? É mais simbólico, mas um simbolismo que ajuda, ainda mais num momento em que o governo está pedindo sacrifícios continuamente à população, aos empresários. E pode até aumentar a carga tributária no ano que vem", avalia Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e hoje chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Para o economista, o esforço do governo pode servir de argumento contra a aprovação de leis, no Congresso, que aumentem os gastos públicos. "Eu acho que essa medida do governo é muito importante para evitar pautas bombas. Se ele mesmo está dando demonstração de que está cortando, como você vai ter pauta bomba no Congresso?", questiona.
O especialista em contas públicas Mansueto Almeida, economista licenciado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), calcula que apenas cinco ministérios – Educação, Saúde, Previdência Social, Desenvolvimento Social e Trabalho – responderam por 89% dos gastos de custeio do governo de janeiro a maio deste ano.

Ou seja, do total de R$ 312,8 bilhões aplicados no funcionamento da máquina pública, R$ 268,66 bilhões foram consumidos por essas cinco pastas, em gastos com aposentadorias, seguro-desemprego, Bolsa Família, hospitais, universidades etc.

Leia mais no BBCBrasil

Nenhum comentário: