terça-feira, 7 de abril de 2015

Tudo é por empréstimo

Se você fosse uma gerente de banco ou de alguma financeira você daria empréstimo a alguém que não tivesse crédito suficiente para resgatar a dívida contraída?
Claro que não. Agora imagine que você é o gerente de uma empresa chamada “Família” e o cliente que está diante de você solicitando empréstimo é um daqueles que pouco se interessa pelos altos e baixos de sua empresa. Ele apenas acha que você na qualidade de gerente administrador tem a obrigação de lhe atender, independente de qualquer análise comportamental, pois ele está amparado por leis terrenas que o qualificam como “Solicitante Vip” e quanto à sua empresa, isso pouco importa para ele.
         Você não pode comprometer a estabilidade de empresa que está sob sua responsabilidade, mas se esse cliente for um filho seu?
Imagino que você responderia que só lhe concederia esse empréstimo se tivesse a certeza que ele seria bem aplicado. È essa preocupação que leva essa gerente a custear treinamentos e estudos para esse Cliente Vip. Esse é um pensamento lógico, mas tem administradores que logo abrem os cofres a ponto de até comprometer a estabilidade da empresa família.
Agora vamos ativar ainda mais a nossa imaginação. Pense agora que você é um cliente que está solicitando ajuda a uma grande empresa cuja administração fica no plano espiritual. Sabendo disso, você logo imagina: Esses gerentes da espiritualidade têm o coração mole. Eu lhes envio uma carta falada cheia de estereótipos, elogios, agradecimentos e “xurumelas”, com o título: “Estou precisando de ajuda” e fico, só aguardando o retorno.
Essa carta ficou conhecida entre nós como prece ou oração e tem corretoras religiosas especializadas em ajudar os solicitantes endossando a formulação desse pedido com uma pitada de “pó de pirlimpimpim” conhecida como fé, mas que na realidade é apenas o carimbo de sua instituição religiosa.
Esse pedido de ajuda, quase todo mundo escreve e envia para a espiritualidade. Muitos desses pedidos são xerox mentais, onde o solicitante apenas reproduz as palavras, como se estivesse preenchendo um formulário padronizado solicitando serviços públicos. Sem observar o teor do que está impregnado no pedido, essa carta e enviada à espiritualidade e, quase sempre, com o endereço incompleto. Dificilmente ela chegará ao administrador certo e, por conseqüência, pouco trará o benefício desejado.
Se o solicitante quiser, ele pode substituir essa carta por uma conversa “tête-à-tête”, com os benfeitores da espiritualidade, usando suas verdades emocionais para obter melhores resultados e bem mais rápidos.
Pois bem, agora chegamos no ponto de colisão.
Será que Deus e seus colaboradores espirituais seriam menos competentes que um gerente de banco? Na realidade você, como de solicitante do empréstimo, também seria avaliado.
Os bens materiais, aplicações financeiras, empresas e até a família que a espiritualidade lhe confiou podem, a qualquer momento, trocar de administrador. Serão repassados a outros, não por solicitação, mas por merecimento gratuito.
Ninguém leva nada disso quando morre, mesmo assim, tem gente que se mata por algo que obrigatoriamente deixará para os que ficam.

Conrado Dantas

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