Nas ruas, parte da população pede
“impeachment” de Dilma e a massa de manifestantes em geral quer um basta na
corrupção, na inflação, e protesta, claro, contra os aumentos absurdos de
juros, contas de água e luz, contra o péssimo transporte etc. Ou seja, no bojo
está um descontentamento generalizado com o governo e a classe política.
Nos palácios de governo, os recados, que
vêm desde junho de 2013, ou não são entendidos (hum!) ou obtêm respostas
ridículas, num teatro do absurdo que só faz irritar ainda mais a população
consciente. Agora mesmo, num rasgo de “boa vontade”, o Planalto anuncia salário
mínimo de R$ 854...Para janeiro de 2016! Ou seja, um aumento de RIDÍCULOS R$
66,00 em relação ao mínimo ora vigente, que é de R$ 788 e alguns centavos.
Ora, com a inflação cada vez mais alta e
já se aproximando dos dois dígitos, com as contas de água e luz subindo para a
estratosfera; com a gasolina aumentando praticamente todo mês; com o diesel
caríssimo, e, consequentemente, a comida a preços cada vez mais altos, R$ 66 a
mais, para valer daqui a nove meses, não é nada, nadica de nada. Assim como é
uma merreca o salário mínimo atual, que deveria ser pelo menos quatro vezes
maior, conforme cálculos modestos de alguma entidades econômicas sérias.
Na próxima cena deste teatro do absurdo
com o qual os governantes e seus comparsas de todos os partidos acham que vão
engabelar a população, está a movimentação política no Planalto. Dilma
praticamente não governa mais, o que seria uma bênção não fosse o fato de estar
sendo substituída por gente como Renan Calheiros e Eduardo Cunha –
respectivamente, presidentes do Senado e da Câmara) e capitaneada ainda por
Michel Temer, que deve rezar todas as noites pelo “impeachment”.
Preste bem atenção nesse teatro político:
figuras retrógadas, envolvidas em suspeita de corrupção grossa (Renan e Cunha,
pelo menos) tomam a frente do governo com a intenção anunciada de fazer
“mudanças”. Ora, deveriam convocar o Paulo Maluf para chefiar o grupo
anticorrupção, já que, na própria CPI da Petrobras, existem inúmeros
parlamentares acusados de terem recebido dinheiro do Petrolão que ele se
arvoram a investigar.
Assim caminha este país. Políticos cada
vez mais distanciados da realidade nacional, aumentando verbas e salários, como
fez há alguns dias a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, precedida, há
cerca de um mês ou pouco mais, pela Assembleia Legislativa da Bahia, que também
reajustou verbas de deputados que ganham, somando tudo, mais de $ 140
mil, o que está muito, muito distante dos R$ 854 de mínimo prometidos para
janeiro de 2016.
Não será assim, como jogadas de marketing
fajuto, espasmos mal conduzidos de “benevolência” e oferecendo merrecas
financeiras e políticas à população que este governo e sua cambada de políticos
sairão da lama.
Seria necessária muita seriedade, matéria
prima que falta à grande maioria dos políticos brasileiros, unicamente
preocupados em locupletar-se. Seria necessário, por exemplo, que a Secretaria
de Educação de São Paulo(olha os tucanos aí, gente!!) tratasse com mais
seriedade os professores em greve há quase dois meses, em vez de acusá-los de
“todo ano fazer esse teatro”. Seria importante que o governo da Bahia se
preocupasse de verdade com o policiamento no interior, renovando imediatamente
frotas de viaturas, dotando as cidades de mais policiais, reformando as
ridículas e frágeis delegacias. Aliás, por falar em sistema prisional, o do
Brasil continua uma vergonha, medieval.
Este, aliás, é um
dos argumentos dos que são contra a redução, necessária, da maioridade penal. O
curioso é que não se fala uma só palavra sobre a tragédia que são as prisões
brasileiras, as delegacias lotadas de presos sem julgamento, a corrupção entre
carcereiros etc. Triste sina, a nossa.
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