segunda-feira, 13 de abril de 2015

Impeachment pra que?

Cristóvam Aguiar
           Mais uma vez as pessoas foram às ruas, pacífica e ordeiramente, para protestar contra a corrupção no governo e pedir o impeachment da presidente Dilma. Não importa se foram dez, cem mil ou milhões, pois os números são sempre manipulados. O fato incontestável é que ninguém aguenta mais tanta incompetência e tanto roubo no trato com a coisa pública. Porém, continuo com minha opinião de que de nada vai adiantar tirar e botar presidente. O Brasil, para se tornar uma grande nação, precisa passar por um doloroso processo de uma revolução com sangue. Desse modo os sobreviventes saberão dar o devido valor ao que conquistaram, e saberão respeitar e se fazer respeitados. De outro modo, vai continuar sempre nesta baderna que está aí, piorando cada vez mais.
         Quanto ao impeachment, há quase uma unanimidade entre os especialistas de que não há base legal para tanto, pois não há provas de que a presidente esteja envolvida diretamente nas falcatruas dos membros do seu governo. Mas eu questiono algo mais. De que servirá derrubar a presidente? Digo isso porque Dilma hoje não passa de um fantoche nas mãos do PMDB, partido que, de fato, governa o Brasil, através do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, e Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, com o apoio do vice-presidente, Michel Temer, todos do PMDB. Isso significa dizer que Dilma sai mas a roubalheira e a corrupção continuam.
         O único resultado prático da saída de Dilma agora seria tirar o PT do poder, e assim acabar com o mito do Salvador da pátria, do pai dos pobres, de um partido voltado para os interesses da classe trabalhadora, que a grade maioria dos brasileiros já viu que não é, exceto um ou outro canalha, ladrão e oportunista. Derrotado o PT pouco iria mudar na questão principal que é o roubo e a corrupção cada dia maior no País. Restaria aos cidadãos brasileiros a oportunidade de eleger nas próximas eleições, políticos mais confiáveis. Mas, onde eles estão? Certamente não são Aécio Neves, Cid Gomes, Ronaldo Caiado ou outros da mesma extirpe. Todos já passaram pelo poder e foram reprovados.
         Enquanto o eleitor não entender que voto não é moeda para troca de favores, que partido político não é time de futebol que se torce para o que vai ganhar, e que políticos são pessoas às quais entregamos as chaves da nossa casa e do nosso cofre para que trabalhem para nós, e não nós para eles, tudo vai continuar do mesmo jeito. E vai continuar mesmo, porque isso só se muda com educação, coisa que os políticos não têm o menor interesse em investir. Afinal, um povo ignorante é mais fácil de ser manipulado e enganado.

         Então, só nos resta a revolução.

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