quarta-feira, 22 de abril de 2015

Animais de rua. Quem se responsabiliza?

     
Esta semana mais uma pessoa morreu num acidente envolvendo animais soltos numa rodovia. É um problema recorrente nas estradas, por conta da irresponsabilidade dos donos dos animais e por falta de legislação e ação eficiente do poder público. Nas cidades, os animais soltos nas ruas são um tormento para a população e o noticiário sobre ocorrências envolvendo animais e pessoas é vasto. Aqui em Feira de Santana não é diferente do resto do País. Não existe controle efetivo sobre a população dos animais soltos nas ruas, a maioria sem dono.
         Em meados da década de 80, com base nas estatísticas que apontavam um crescimento do número de cães e gatos infectados com Raiva e de pessoas atacadas pelos mesmos, A 2ª Dires resolveu efetuar uma campanha de vacinação destes animais. Àquela época, eu trabalhava no gabinete do então prefeito Colbert Martins, e uma das minhas funções era municiar o prefeito com informações e ideias para melhor atender às comunidades. Então eu e meu colega de gabinete, o professor Roberval Pereira, desenvolvemos um projeto para implantação do Canil Público de Feira de Santana. Era um projeto amplo, que deveria ser implantado em etapas, iniciando com cães e gatos vadios, utilizando como base de operações o Parque de Exposições, montagem de um laboratório e ia até a fabricação de soro antiofídico. O prefeito ficou entusiasmado, pois o argumento seria de que, além de uma campanha paliativa, o governo municipal estaria solucionando o problema e ainda gerando recursos para os cofres públicos. Mas, no dia seguinte ele desistiu da ideia. Alguém convencera ele de que aquilo não renderia votos. E assim, como sempre acontece, a cidade perdeu para a política populista.
         Mais de três décadas se passaram e a cidade continua a enfrentar o mesmo problema. A mulher que fundou a Associação de Proteção aos Animais (APA), é uma pessoa sensível e de bom coração. Mas, isso não basta, pois além de não resolver o problema ela está gerando outros. Esta semana moradores da rua Teresa Cunha, no Bairro Estação Nova, reclamaram na imprensa de que há uma casa abandonada com centenas de cães e gatos dentro dela, gerando um mau cheiro insuportável. Ela tem um terreno fora da cidade, quer ajuda financeira para construir um canil. Mas, como irá mantê-lo? Além do mais, não é responsabilidade dela, e sim do poder público. Quando muito, já que ela é abnegada, a Prefeitura Poderia firmar com ela uma Parceria Público Privada (PPP).
Ela poderia ter um cargo no Canil Público e ser paga por isso, porque também esse negócio de trabalhar de graça não é boa coisa. Dar algum tempo disponível em favor de uma causa, é uma coisa, mas largar seus afazeres para trabalhar de graça, esconde sempre alguma trapaça. Se não tem ninguém no governo com capacidade para elaborar o projeto, há cidades no Brasil que já implantaram este serviço, é só procurar na internet e copiar o modelo. Uma certeza eu tenho: Resolveria um monte de problemas causados por animais soltos e sem cuidados. Porque não é só o transtorno dos acidentes causados, mas também uma porção de doenças transmitidas, causadas pela falta de cuidados e de controle da população de animais domésticos.

Basta apenas vontade política. A cidade agradece.

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