Com programas sociais de formatos simples e eficientes, que chamavam atenção e foram acolhidos pelo governo federal, a Fundação de Apoio ao Menor de Feira de Santana (FAMFS) levou o nome do município a várias partes do planeta, enquanto gerava emprego e renda, contribuindo para a formação de novos profissionais e a necessária ressocialização de outros.
O tempo passa, e não poderia ser de outra forma. Os acontecimentos vão ficando para trás e, muitas vezes, caindo no esquecimento. Mas há aqueles que merecem não ser olvidados pela sua importância. É o caso do trabalho desenvolvido pela Fundação de Apoio ao Menor de Feira de Santana (FAMFS), que, entre a década de 1990 e até 2008, teve saldo altamente positivo, não apenas na missão de cuidar de menores necessitados de apoio, como na geração de emprego e renda para centenas de famílias e no trabalho de ressocialização — aliando a tudo isso o fator promocional, levando o nome de Feira de Santana, de forma gratificante, ao exterior.
Vale lembrar que a FAMFS, que teve como sede o extinto Aviário Modelo, implantado em Feira de Santana por volta de 1940, no vigésimo segundo governo da Bahia, desempenhado pelo interventor Landulfo Alves de Almeida, tornou-se uma instituição exemplar sob a direção do professor Antônio Lopes, agregando uma série de programas que chamaram atenção pela sua pluralidade exitosa na horticultura, na produção de massas (biscoitos e pães), olaria (tijolos), material emborrachado (inclusive placas para pista de corrida), bolas de couro, música (uma forte fanfarra) e um forte time de futebol, dentre outros itens.
O elogioso trabalho da Fundação, que recebeu apoio do governo federal via Ministério do Esporte, nos programas Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania, possibilitou, dentre outras iniciativas, que a Fundação produzisse bolas com guizos adequadas ao futebol de salão (futsal), utilizadas em diversas competições com a aprovação do Comitê Paraolímpico Internacional (CPI). Cem dessas bolas, que facilitam a localização na quadra por atletas deficientes visuais (cegos), foram usadas durante os Jogos Paraolímpicos realizados na China, em 2008, com a aprovação e homologação da Federação Internacional do Esporte.
Mais que inclusão, geração de emprego e ressocialização de presos, a política de esportes no Brasil investiu na ciência, na pesquisa e na evolução do equipamento para a promoção do alto rendimento e o desempenho do atleta. Com essa máxima marcante do projeto, as bolas com guizos foram fabricadas exclusivamente em Feira de Santana, utilizando mão de obra de 700 trabalhadores da periferia, 300 ex-internos da Fazenda do Menor e 200 detentos do Conjunto Penal — dados significativos fornecidos pela FAMFS na época.
Conforme esse mesmo relato, mediante o Programa Segundo Tempo, de caráter social e destinado ao atendimento de crianças e adolescentes, a instituição mobilizou 58 mil crianças em 134 municípios baianos nos anos de 2007/2008, produzindo mais de 300 mil itens de material esportivo. Durante o período de uma década, a FAMFS representou o país em diversas partes do mundo, como, por exemplo, em três oportunidades nos Estados Unidos: Pensacola (1998), Orlando (1999) e Dallas (2008); em Paris, na Copa do Mundo da França (1998); na Argentina, no Mundialito (2001); em Roma, no Intercâmbio Esportivo Brasil/Itália (2004); na China, na Paraolimpíada (2008); e na Alemanha (2006), quando lançou a primeira pista de atletismo móvel do mundo, na Feira Internacional do Esporte. A pista foi idealizada e fabricada em Feira de Santana.
Por Zadir Marques Porto
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