O ministro
interino da Justiça, Alexandre de Moraes, se reúne na manhã desta terça-feira
em Brasília com os secretários de Segurança Pública dos 26 Estados e do
Distrito Federal. O encontro foi convocado para tratar de políticas de combate
à violência contra a mulher após a grande repercussão gerada pela denúncia de
um estupro coletivo de uma menor no Rio de Janeiro.
Na mesa de
discussão, haverá a presença de apenas uma autoridade feminina. No momento, a
única mulher a comandar uma pasta de Segurança Pública no país é a secretária
do Distrito Federal, Márcia de Alencar (foto).
Especialistas
em segurança pública ouvidas pela BBC Brasil lamentaram a quase total ausência
de mulheres em uma reunião que pretende justamente discutir a violência de
gênero. Elas questionaram também a eficiência das medidas propostas até agora
pelo presidente interino Michel Temer - além da própria reunião, a criação de
um departamento da Mulher na Polícia Federal.
"A
pergunta que fica no ar é: esses secretários de segurança, em seus Estados, possuem
uma política pública para redução da violência de gênero? Trarão essas
experiências para debater? Ou simplesmente se trata de inventar, de forma
oportunista, alguma agenda positiva diante dos problemas que o governo interino
tem enfrentado?", critica a antropóloga Jacqueline Muniz, professora do
departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF).
"Porque
é evidente que a violência contra a mulher não começou na semana passada com o
estupro dessa menina", acrescentou.
Para a
advogada criminalista Maíra Fernandes, integrante do Comitê Latino Americano de
Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), a presença de mais mulheres nessa
reunião seria fundamental para pensar políticas públicas sob o ponto de vista
de quem sofre a violência de gênero.
"Nós
queremos sim que os homens se aproximem das pautas relacionadas aos direitos
das mulheres. Eles podem ser importantíssimos aliados nisso, e há homens com
absoluta sensibilidade, mas nós queremos que eles trabalhem com a gente, não
por nós", crítica Fernandes.
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