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Oydema Ferreira, há 50 anos registrando os acontecimentos da cidade. Na foto ao lado do saudoso Egberto Costa |
O colunismo social, ou jornalismo social, como preferem alguns, precede a história das publicações impressas em Feira de Santana, surgindo no sudeste do país e registrando, entre outros nomes de destaque, Ibrahim Sued, no Rio de Janeiro, o mais laureado e considerado nacionalmente o ‘papa’ do gênero. Antes do surgimento da Folha do Norte em 1909, outros periódicos de breve existência – e foram muitos – registraram informações de casamentos, aniversários, viagens, mas, independente de sumárias, tipificadas como notas comuns da redação, sem os detalhes, a abordagem e o ‘charme’ característicos da crônica social.
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M. Portugal, o Ibrahim Sued da Bahia |
Em 1955, na edição de 30 de junho do então semanário, que circulava aos sábados, apareceu a coluna Sociedade, identificada pelas iniciais H.D. – Hélio Dórea – pessoa estimada na comunidade que, há exatos 70 anos, iniciava formalmente esse tipo de jornalismo no interior da Bahia e, posteriormente, mudando-se para outro estado, manteve-se atuante. A professora Ana Maria Oliveira o substituiu por algum tempo. Com a transferência do dentista Hélio Dórea para o Espírito Santo, surgiu, em 10 de novembro de 1956, nova coluna, também intitulada Sociedade, porém assinada por Eme Pê – Emanuel Simões Portugal, que se consolidaria como M. Portugal, sendo considerado ‘o Ibrahim Sued’ da Bahia, pelo sucesso obtido.
Com muita dinâmica, M. Portugal tornou-se referência no segmento e responsável pela realização de várias campanhas sociais, festas beneficentes em clubes e diversos eventos que mobilizaram a sociedade citadina. M. Portugal também inovou, transmutando a sociedade feirense das páginas de jornais para o rádio, inicialmente com um programa na Rádio Cultura de Feira. A atriz Zoila Chagas assinou uma coluna congênere na Folha do Norte, mas de forma passageira.
Com o incremento dos eventos sociais – as famílias tradicionais abrindo suas mansões para receber amigos e os clubes realizando grandes festas – o colunismo tornou-se indispensável, surgindo outros importantes divulgadores do ‘grande mundo’. Era importante a exposição dos que viviam muito bem, e isso era papel dos colunistas, que tinham acesso privilegiado aos mais finos ambientes, inacessíveis ao povão, que correspondia à grande fatia da população rotulada pela falta de dinheiro, mas interessada em saber o que ocorria no meio dos abonados.
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Ainda hoje atuando na imprensa local, o jornalista social Oydema Ferreira começou, como tantos outros, pelas páginas do semanário Folha do Norte, esteve com êxito nos diários da capital baiana, Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia e A Tarde, fixando-se, por fim, na Folha do Estado, onde continua sua missão com a retidão e coerência que sempre marcaram sua linha informativa. Oydema tem a seu favor uma enorme agenda de realizações, como Noite de Destaques, Gente que Brilha, Noite de Debutantes e outros eventos que reuniam a sociedade feirense e traziam a esta cidade artistas renomados, principalmente da televisão e da música. Mais recentemente, surgiu Ailton Pitombo, que continua desempenhando seu trabalho com qualidade, sob o título Socioeconômico, nas edições do Jornal NoiteDia.
O mundo mudou, é repetitivo dizê-lo. Muitos já disseram isso há muito tempo. É melhor dizer que o mundo continua e deve continuar mudando, assim sempre haverá o passado, as novidades e as lembranças. Colunistas sociais – aqui e por toda parte – devem continuar propagando informações da elite social. Isso talvez já não tenha tanta importância em um mundo globalizado, da internet e da inteligência artificial, que ‘sabe de tudo’, mas foi e continua sendo válido o papel desses comunicadores, que merecem ser lembrados.
Por Zadir Marques Porto
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