O calçadão do Porto Barra, a mais
icônica praia, de Salvador, revitalizado pelo prefeito, testemunha que a
cidade precisa ser pensada para as pessoas. Reformada, tornou-se ponto
de encontro e lazer. Eu mesmo, aos domingos, quando estou na capital,
gosto de ir de uma ponta outra, vendo gente de todo tipo. Vez por outra,
tomo uma água de coco, revejo as águas límpidas onde vi o mar pela
primeira vez, aos dez anos. Ou me distraio olhando a areia onde um
grupo de idosos estabeleceu sua arena e disputa um saudável jogo de
petecas. Noutras, acabo no novo Barravento, para tomar um caldo de
sururu enquanto observo a escandalosa beleza do mar, ali.
A vida segue, então, simples, afetiva, distraída, e isto não é
pouco nestes tempos de conexão continua, tensão virtual e vigilância
permanente. Sim, porque o mundo não tem mais lugar para distrações,
inocências e permanências. Somos transitórios, em permanente
autopromoção e, cada vez mais, desprovido de singelezas. A delicadeza,
esta especiaria que a educação e a generosidade deram ao humano, está
sendo substituída por uma objetividade igualitária e engajada, que
apenas enfeia e empobrece a convivência e o cotidiano. Somos, cada vez
mais, mergulhadores do raso.