* Fumaças da infância *
A casa de meus avós maternos tinha um daqueles quintais que não voltam mais. Passados mais de setenta anos e, coisas da terceira idade, as reminiscências afluem com clareza, fazendo parecer tudo tivesse acontecido ontem.
Varais com roupas sempre penduradas. Peças muito brancas, alvejadas com anil. Um galinheiro sempre em produção de ovos e pintinhos. Um galo madrugador. Grama e capim nativo onde eram escondidos os “ninhos” na festa da Páscoa. Umas tantas folhas de zinco amparadas por pés toscos de madeira, área reservada para corar as roupas ensaboadas, antes da lavagem final. Não havia alvejantes a base de cloro. A velha “QBOA”, precursora dos ditos, surgiu no Sul, acho ter sido em 1951, numa campanha de marketing majestosa. Pequenos aviões sobrevoavam a cidade, descrevendo no espaço, com fumaça, em letras gigantes a palavra “QBOA”. Inesquecível.