quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal a todos

E com estas postagens encerramos 2008. Prometemos voltar em janeiro com as baterias recarregadas.
Neste Natal, divirtam-se, mas não se esqueçam do aniversariante do dia 25.

Um abraço!

Previsões (in) previsíveis


Tamos aqui outra vez, com as imprevisíveis previsões do Professor Alicate, o homem que sabe o que corta e corta o que sabe.



1 – De “porre” desde as eleições de 2006, Jaques Wagner vai continuar sem saber que é ele o governador da Bahia. Maria Del Carmem vai continuar representando ele no cargo.

2 – Como o estádio de Pituaçu não vai ficar pronto antes de 2010, o Esporte Clube Bahia continuará mandando seus jogos em Feira de Santana. Como ele vai cair para a terceira divisão, vai se mudar definitivamente para esta cidade, onde, depois de cair para a quarta divisão, disputará o campeonato de Bairros.

3 – Após implantar o “Campo de Nudismo” de Feira de Santana, às margens do rio Jacuípe, o fotojornalista Reginaldo (Tracajá) Pereira, será processado por Franklin Maxado e João Borges, por não permitir que os dois entrem no campo.

4 – O cangaceiro e revolucionário Jânio Rego vai proclamar a independência de Mossoró e se eleger governador do novo estado brasileiro.

5 – Após bater o recorde de encalhe com o livro “Política e Corrupção na Saúde”, o Dr. Eduardo Leite vai tentar entrar para Guiness (o livro dos recordes), com o “Maior Encalhe do Mundo” com o livro “Quem é Quem na Saúde do Piauí”.

6 – Depois de construir quatro pontes de safena e cinco viadutos em Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, eleito governador, vai construir uma ponte entre Salvador e a ilha de Itaparica. A oposição vai protestar, alegando obra em benefício próprio, porque ele tem uma casa na ilha.

7 – Inspirado nas obras do metrô de Salvador, o vereador Lulinha vai propor ao prefeito Tarcízio Pimenta a construção do “Centimetrô” de Feira de Santana.

8 – O Papa (Chico) Bento XVI vai liberar os padres para casar. Muitos vão preferir deixar a batina.

9 – Também ainda não será desta vez que o Fluminense de Feira será campeão baiano. O campeão será o Redenção de Brotas, tendo o Mecânico como vice.

10 – Provocado pelos governos da Venezuela, Paraguai e Equador, o presidente Lula vai aproveitar a deixar para treinar as forças armadas nacionais, declarando guerra a estes países. Como é muito precavido, o presidente aconselhará aos brasileiros que aprendam a falar espanhol.

11 – A cantora Amy Anyhouse vai entrar para um convento, a convite de Maddona.

12 – Cansado de ser chamado de “Bocão”, o prefeito eleito Tarcízio Pimenta vai fazer uma plástica para diminuir o tamanho da boca. Será pelo SUS, que é para a oposição não dizer que ele usou dinheiro da Prefeitura.

13 – Zico Sena vai montar um circo. A dificuldade será a escolha dos palhaços, devido a grande quantidade de candidatos.

14 – O médico, compositor e poeta, Outran Borges, deixará a provedoria da Santa de Misericórdia, mas, não assumirá a presidência do Fluminense de Feira este ano. Isso só ocorrerá depois das eleições de 2010.

15 – O jornalista Cristóvam Aguiar vai finalmente tomar juízo, cortar o cabelo, vestir paletó, botar uma gravata, e vai trabalhar num banco.

O Natal *

Alto falantes berrando as vantagens de casas comerciais que disputam o dinheiro dos fregueses em prestações as mais módicas. Vitrines artificiais ostentando cactos de agressiva secura nordestina, cobertos por neve de suave paisagem européia. Um cara vestido de tafetá vermelho, chega de avião, de helicóptero, de automóvel ou mesmo arrastando os pés cansados e acena, sem nenhuma graça, para a multidão indiferente. Rosto coberto p9or uma barba mal feita, de algodão. De vez em quando ele se põe a espirrar danadamente, que um fiapo teimoso entendeu de lhe explorar os ínvios caminhos das narinas. Às costas, carrega um saco onde brinca de ter brinquedos. Em pouco tempo a turma está cheia do velho e ele próprio, de saco cheio, se resolve a esvaziá-lo no primeiro botequim.
Andam dizendo que é isto o Natal. As coisas embaralhadas, confundidas de tal maneira que você fica sem saber se comemora o nascimento do Cristo ou de Mercúrio... Os ruídos comerciais da cidade são imperativos; a pressa dos fregueses na ânsia de comprar chega a ser angustiante. É um tal de correr, de vambora, de toca-pra-diante, de preceitos e preconceitos a que se impôs uma sociedade de consumo às beiras da insolvência. Ainda porém, não faz medo o Natal de ir embora. Enquanto tiver dentro de si um pouco de ternura, enquanto carregar consigo o espírito da criança eterna que traz bem cultivado, enquanto for possível conservar no coração o mínimo amor, o bicho-homem far-se-á alegre e feliz e buscará tornar alguém alegre e feliz no dia do nascimento do Menino. Porque Belém não é só um símbolo; é muito mais um estado de espírito. Nada poderá mudar fazer surdos os nossos ouvidos, às coisas que Aquele pobre e desprezado Galileu – que veio a ser tão amado – nos ensinou. E é o Seu espírito que faz, na época das contestações, pais e filhos se reunirem para trocar palavras de afeto e carinho, amigos se abraçarem para se fazer mais unidos. E a gente fica feliz porque crê num Deus que para nos amar ainda mais se fez homem e por nós morreu; um Deus que se fez homem e como nós andou, alimentou-se, sofreu, teve amigos e inimigos mas, sobretudo, como nós, amou e foi amado. Este é um Deus pra frente, um Deus bacana, ao qual vale a pena seguir. A gente consegue entende-lo. Ele fala a mesma linguagem da gente. Não se pode, portanto, sufocar ao espírito de amor do Natal, deste Deus que quis ser igual a nós. 25 de dezembro será sempre um ponto de união entre Cristo e todos nós.

· Carlos A Kruschewsky in “Memórias de Saulo Daqui”.

N.E. Esta crônica foi escrita nos anos 60 e publicada no jornal Feira Hoje.

Artigo

Neste Natal que se aproxima chego, novamente, até vocês.

Recosto-me na poltrona da sala.
Olho para meus dois filhos pequenos.
Aparto a disputa para resolver qual será o primeiro a tomar a mamadeira.
São duas.
A da tampa branca pertence ao maior.
A da tampa azul é do menor.
Propositadamente as troco.
O maior dispara: “A minha é a branca”.
Dou partida ao intraduzível prazer de amamentá-los sem ter tetas. E vejo neles a presença do Criador na terra.
Deus que espero, esteja consigo agora e sempre. E de modo particular neste Natal, redivivo na intimidade do seu lar, trazendo esperanças de novos tempos, atendendo suas melhores esperanças e como um presente, presente.
Transfigurado naquilo que o seu olhar, olhar; a sua boca, provar; o seu ouvido, ouvir; a sua mão, tocar. Na sua mulher, no seu marido, nos seus filhos, nos demais parentes, nos seus amigos, não importa.
Todos são feitos à imagem e semelhança do Renascido.
E se estão na terra consigo, não é por acaso.
É para dizer-lhe que, se Deus não existe como afirmam alguns, ele precisa ser inventado.

Feliz Natal e ponto final.

Hugo Carvalho

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Hospital
Entusiasmado, o deputado José Neto (PT) anunciou o início das obras do Hospital da Criança por parte do governo do Estado. Prometido em Campanha, lançado o edital um ano depois, com festa, parece que, finalmente, a obra vai começar. Mas, conhecendo a Wagarreza deste desgoverno, é melhor esperar para começar a soltar os foguetes.

E o nu, sifu...
Foi o maior bafafá na cidade por causa da nudez nada artística do jornalista, cordelista e, nas horas vagas, compositor e cantor, Franklin Maxado. Ele argumenta ter ficado nu na final do festival “Vozes da Terra”, em protesto contra o que ele considera discriminação contra ele, por parte dos organizadores do evento. Poucos entenderam, alguns defenderam e muitos espinafraram e até ameaçaram. A verdade é que com ou sem protesto, o artista nu “sifu”, como diria o nosso populista, e agora (i) moralista, presidente Lula Marolinha.

Cachaça
Em artigo publicado esta semana no jornal Tribuna Feirense, o jornalista e economista, André Pomponet, questionou as razões pelas quais Feira de Santana não produz cachaça. E eu concordo com ele. A Bahia já produz hoje pelo menos cinco marcas de cachaça tipo exportação, que não ficam devendo nada às melhores cachaças de Minas Gerais. Lembra Pomponet, que temos nas proximidades grandes e excelentes canaviais e, portanto, matéria prima não nos falta. Mas eu creio meu caro colega, que o problema é que o feirense é mais propenso a ser consumidor do que produtor. Talvez esteja aí o xis da questão.

Cidadão Jacuipense
Nesta sexta-feira (12), à noite, o tenente-coronel Geová da Silva Borges estará recebendo o título de Cidadão Jacuipense na Câmara Municipal de Riachão de Jacuípe. Daqui de Feira de Santana seguirá uma grande comitiva para prestigiá-lo. Estive com Geová no domingo passado, quando da realização da “6ª Feijó Bode”, a feijoada dos maçons de Riachão do Jacuípe. Ao lado da sua Irene, Geová continua o mesmo, alegre e de bem com a vida. Daqui, os nossos parabéns.


Subvenções Sociais
Falei outro dia aqui que alguém deveria tomar uma providência e fiscalizar para onde vão as verbas de subvenções sociais disponibilizadas pelos vereadores. Questionei sobre a prestação de contas destas verbas. O Ministério Público se mexeu e agora vai cobrar a fiscalização, a prestação de contas e o ressarcimento aos cofres públicos das verbas mal aplicadas. Resta ainda questionar se as entidades que recebem tais verbas são, realmente, de utilidade pública. É sempre bom lembrar que já teve vereador tentando emplacar bloco de Micareta como sendo de “utilidade pública”. Tô com o Ministério e não abro.

Mendicância
Está chegando o Natal, a época em que os corações amolecem e as esmolas rolam soltas, com se com este único ato a pessoa pudesse se redimir dos males que praticou durante todo o ano. E dessa hipocrisia (ou burrice, sei lá), se aproveitam os mendigos profissionais para “fazer a mala”. Leio no jornal que já aumentou o número de barracos e de mendigos ao longo das avenidas da cidade.

Santa Catarina X Nordeste
E por falar em hipocrisia, me vem à mente a imagem de uma mulher que encontrei na recepção da Rádio Povo. Ela vestia sobre a roupa um colete vermelho, de alguma instituição filantrópica, talvez, e me perguntou se eu já teria feito a minha doação para o povo catarinense, afligidos por uma das piores enchentes que se tem notícia neste País. Diante da minha negativa, perguntou se eu gostaria de fazer naquele momento. Respondi-lhe que não, pois gostaria de dirigir meus esforços aos flagelados das secas do Nordeste, que são quase permanentes. Podem ter certeza: hipócrita, eu não sou.

Catálogo de Canções
Acontece nesta sexta-feira (12), a partir das 20 horas, o show de lançamento do CD “Catálogo de Canções”, do publicitário e músico, Antonio Miranda. Será na “Cidade da Cultura” (leia-se, Asa Filho), com participações de Cescé, Asa Filho, Beto Pitombo, Dionorina, Timbaúba, entre outros.

Cafeína
Na próxima quinta-feira (18) o publicitário feirense (e agora também escritor) Victor Mascarenhas, estará lançando seu livro Cafeína. Será às 20 horas, no foyer da CDL. Já li o livro, que já foi lançado em Salvador, e garanto que é muito bom. Victor pegou pesado na hipocrisia dos ricos e no exercício dos pequenos poderes por parte dos pobres. Escancarou a guerra surda entre o capital e o trabalho, com este último quase sempre se dando mal. Imperdível.

Troféu Tracajá
Neste sábado acontece, a partir da 11 horas, no restaurante Ki-Mistura, na Avenida Getúlio Vargas, a 6ª edição do “Troféu Tracajá”. Uma promoção das Organizações Tracajá (leia-se, Reginaldo Pereira) tem presenças confirmadas de Carlos Pita, Beto Pitombo, Dionorina, Timbaúba, Cescé, Antônio Miranda, Dito Leopardo, Fernando dos Teclados, Del Feliz, entre outros artistas. Diversão garantida, e a entrada é franca.


Artecapital
Foi nesta quinta-feira (11) o evento que marcou os 18 anos da Artecapital. Fundada por Antônio Miranda e Antônio José Laranjeira. Hoje, tendo à frente André Mascarenhas e Adriano Martins, a agência feirense hoje já atua em todos os estados do Nordeste, alguns do Norte e Centro Oeste, e até Minas Gerais. Também mantém uma base de operações em São Paulo.


Mamulengo
Foi nesta sexta-feira (12) pela manhã que as Organizações Tracajá entregaram oficialmente ao prefeito José Ronaldo o boneco (caricatura) que era utilizado no Bloco Tracajá, que desfila aos domingos de Micareta. Desta vez, se o prefeito quiser ver o boneco desfilando, terá que ele mesmo ser o carregador do “mamulengo”, como são chamados estes bonecos. Ou então convidar Deraldão, que é mais forte, para assumir a empreitada. Brincadeiras à parte, o prefeito ficou satisfeito e riu muito do gesto de Reginaldo Tracajá, que foi até à Secom (onde aconteceu o ato), acompanhado de uma comitiva de amigos.

Isto é Feira de Santana



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Por hoje é só, que agora eu vou ali na Cidade da Cultura, participar do lançamento do CD de Antônio Miranda.

“Enquanto tiver dentro de si um pouco de ternura, enquanto carregar consigo o espírito da criança eterna que traz bem cultivado, enquanto for possível conservar no coração o mínimo amor, o bicho-homem far-se-á alegre e feliz e buscará tornar alguém alegre e feliz no dia do nascimento do Menino. Porque Belém não é só um símbolo; é muito mais um estado de espírito. Nada poderá mudar, fazer surdos os nossos ouvidos, às coisas que Aquele pobre e desprezado Galileu – que veio a ser tão amado – nos ensinou”. (Carlos A Kruschewsky in “Memórias de Saulo Daqui”)





































Artigo


O Rei está nu

Creio que todos conhecem a história dos vendedores picaretas que venderam a um Rei um tecido invisível aos olhos dos desonestos e mentirosos. Ninguém via o tecido, mas ninguém admitia. Nem o próprio Rei quis admitir que não estava vendo o “tecido” e o comprou para fazer uma roupa digna de um Rei. Quando saiu às ruas para mostrar a sua roupa nova, um garotinho gritou: “O Rei está nu”. Diante da afirmação de um inocente, todos deixaram cair as suas máscaras de hipocrisia.
Em que pese eu condenar a nudez pública de quem quer que seja, no caso do jornalista e cordelista Franklin Maxado, que ficou diante da platéia do festival “Vozes da Terra”, eu vejo (e ouço) um festival de hipocrisias. Pessoas que condenam o seu ato de protesto (equivocado) por pura maldade, inveja, despeito ou sei lá mais que sentimentos vis.
A verdade é que a nudez pública nos é imposta diariamente pelos canais de televisão e publicações penduradas nas bancas de revista. Mas, são celebridades, muitas delas sem nenhum mérito para gozarem da fama que gozam. Bastou a uma mulher, apenas atirar um rojão num jogador chileno, para na semana seguinte estar posando nua numa revista masculina e ganhando rios de dinheiro para isso. O mesmo ocorreu com a Ana Paula bandeirinha de Futebol, ou a Sem Terra, Débora.
O Brasil é assim. Um país de hipócritas, invejosos, despeitados, que aceitam a transgressão de mais comezinhas normas de boa conduta, respeito, moral e ética, desde que não sejam praticadas por pessoas comuns, vivendo muito próximas delas. É algo tipo assim: Se eu não posso, meu vizinho também não pode. Mas se a mídia aprovar, todo mundo segue a onda.
John Lennon dizia: “Vivemos num mundo onde a violência é praticada em plena luz do dia, mas temos que nos esconder para fazer amor”. Não quero discutir o mérito da questão, mas alertar para a mesquinhez que praticamos diariamente em nome de uma moral altamente questionável. Eu já disse que uma das causas da roubalheira e da violência generalizada no Brasil, está na nossa conivência com os bandidos de colarinho branco, na nossa aceitação passiva de tudo quanto se faz de errado no governo, na impunidade. “Se não dá em nada, eu também vou fazer que eu não vou ficar de otário”. Esse é o pensamento geral.
Maxado quis fazer um protesto, e com justa razão, mas, ao meu ver, escolheu a forma, o tempo e o lugar errado. Como homem de letras, intelectual, ele deveria escolher outra forma de fazer vibrar e bater com mais profundidade o seu protesto. Sozinho, meu caro colega, não somos nada. Por isso alguém disse um dia: “Eu não quero ser herói de nada, mas sim a companhia de outros braços”.
Creio ser este o melhor caminho.

Crônica


O trote que deu certo

Há “trotes” e “trotes”. Um trote sadio, bem bolado, que não faz mal a ninguém, diverte até quem caiu nele. Foi o que aconteceu certa vez comigo, que ao passar um trote para um amigo, acabei por beneficiá-lo. Ele havia completado 18 anos, e vivia a expectativa de ter sua primeira carteira de motorista. Ele estava preparado, passou no exame de rua, exame médico, mas perdeu na prova escrita.
Chateado, ele me contou que tudo ia muito bem, até que um indivíduo de caráter suspeito, que andava rondando a Ciretran, dizendo-se íntimo de diretores e funcionários, e “facilitador” dos tramites legais, se aproximou dele e, cheio de gestos largos e demonstrando uma intimidade que não tinha, disse que ele ficasse tranqüilo que ele iria “ajeitar” as coisas. O chefe da banca examinadora que andava por perto, ouviu e não gostou.
Segundo Del (esse o nome do meu amigo), o chefe, na hora da prova escrita, ficou o tempo todo ao lado dele, dando “marcação”, e isso o deixou nervoso. O resultado é que ele se atrapalhou, errou algumas respostas, inverteu outras e acabou por ser reprovado, tendo um novo teste marcado pra dali a um mês. O pior, é que se aproximava a Micareta (o maior Carnaval do interior da Bahia), e ele queria muito já ter a sua carteira de motorista, pra poder circular sem medo pelas ruas da cidade.
Eu ouvi tudo, demonstrei minha solidariedade e, saindo dali, fui pra casa de um outro amigo, ao qual relatei o fato. Foi aí que tivemos a idéia de passar o trote. Liguei pra Del e, mudando a voz, disse pra ele que quem estava falando era o capitão Jesus, chefe da Ciretran, e que desejava lhe dar nova oportunidade naquele mesmo dia. Pedi que ele fosse à Ciretran à tarde, e que procurasse “Dona Graça” (primeiro nome que me veio à cabeça), que ela lhe instruiria sobre os procedimentos.
Soltei a “bomba” e fiquei ali, rindo dos resultados, imaginando a confusão que ele ia fazer na Ciretran, usando o nome do Capitão Jesus, e as pessoas sem saber de nada. E se não existisse nenhuma dona Graça por lá?
No final da tarde, estava eu novamente na casa do amigo, de onde havia passado o trote, quando chegou uma prima de Del, dizendo que ele havia conseguido tirar a carteira de motorista. E me contou toda a história que eu havia inventado. Que o capitão tinha ligado pra ele, que mandou ele procurar Dona Graça, e todos aqueles babados.
Eu pensei que ela, e ele, tendo descoberto o trote, estavam querendo virar o jogo e me sacanear. Mas ela falava com tanta convicção, que eu resolvi investigar e liguei pra Del. Ele me repetiu toda a história. Disse que quando chegou à Ciretran acompanhado do pai, procurou Dona Graça. Havia três na Ciretran. Quando ele disse do que se tratava, conduziram-no à Dona Graça que era secretária do Capitão Jesus que, inclusive, havia viajado pela manhã. A Dona Graça estranhou o fato, mas não acreditou que Del estivesse inventando e, pelo sim, pelo não, levou ele até o chefe da Banca Examinadora (o mesmo da manhã), e disse que o Capitão havia autorizado novo exame para o rapaz.
O chefe, diante disso, botou as barbas de molho (sabe-se lá quem é este fedelho?), e tratou de fazer a “média”, pedindo desculpas pelo que aconteceu pela manhã, explicando que não gostava do sujeito que chegou lá com ele, dizendo que iria ajeitar tudo, etc e tal. E assim dizendo, foi tratando de providenciar novo exame pra Del, e até o ajudou em algumas respostas.
Del passou, com louvor, e recebeu a carteira no final da tarde. Antes de deixar a Ciretran, ele e o pai ainda passaram pela sala do Capitão Jesus (que já havia chegado da viagem) e, da porta mesmo, sem entrar, agradeceram. O capitão, sem saber do que se tratava, mas fazendo a política de boas relações, respondeu, delicadamente, que não foi nada demais, que contasse sempre com ele, e todos esses babados.
E foi assim que Del pode dirigir seu carro na Micareta, passeando com suas gatas e cheio de moral com junto à Ciretran.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Coluna

Drogas I
“Quando a gente está no vício não está ligado muito no risco que corre, até mesmo de ser morto”. Júnior Francisco dos Santos, 20 anos, pedreiro, viciado em Crack. Pra que pegar um pobre coitado desses e jogar no presídio, junto com marginais perigosos? Isso irá recuperá-lo? Continuo dizendo: As drogas precisam ser liberadas pelo governo, como o fumo e o álcool o são, regulamentando-se a comercialização e uso. Os viciados precisam ser assistidos pela rede pública de saúde, como um portador de patologia. Por fim, o governo precisa fazer uma ampla pesquisa para saber por que os jovens estão se drogando, e combater o mal na raiz.

Drogas II
Imaginemos um jovem entre 14 e 25 anos. Ele tem escola pública onde passa onze anos, e na maioria das vezes, sai sem ter aprendido nada e sem uma profissão (acabaram os cursos técnicos profissionalizantes). Ele não tem emprego, porque não é qualificado. Mas ele quer se vestir bem, ir a festas, beber com os amigos, namorar, casar, constituir uma família. Mas não tem dinheiro para nada disso. Ele não tem nenhuma perspectiva de uma vida melhor. Esse é o perfil do jovem drogado.

Já ia
Eu nasci Bahia e vou morrer Bahia. Mas não dá pra suportar tanta incompetência da atual diretoria. Os caras não entendem nada de futebol e de administração muito menos. Depois de prometerem apoiar um candidato de consenso para a presidência do clube, tiraram da cartola o filho do incompetente Marcelo Guimarães e vão para o bate chapa com a oposição. De quebra, ainda estão anunciando que, vencendo as eleições, vão contratar Paulo Carneiro para ser o gerente de futebol do clube. Vá ser burro assim na puta que o pariu. Assim não dá!

Quem fala o que quer...
Meu amigo vereador Beto Tourinho entrou numa roubada. Ele foi na onda de Jânio Rego e botou falação na Câmara Municipal, dizendo que a Prefeitura está com uma dívida de R$ 130 milhões e exigiu explicações do governo municipal. O prefeito não se negou a dar as explicações. Disse que a dívida existe sim, está há oito anos sendo administrada e paga parceladamente, e que é oriunda dos governos passados, desde os anos 60 até os anos 90. Ele foi mais além, e disse que vai fazer o levantamento e revelar ao público quem foram os prefeitos que deixaram essa dívida.

Meio Ambiente
Qualquer pessoa antenada na natureza já percebe as mudanças climáticas. E elas são oriundas das agressões que temos feito à natureza ao longo dos anos. Se não tomarmos logo uma providência para conter e reverter o mal causado, vamos acabar como disse Raul Seixas: “Carrascos e vítimas do mecanismo que criamos”. É válido lembrar também das palavras do bispo Dom Luis Cappio: “Deus perdoa sempre; o ser humano, às vezes; a Natureza, nunca”.

Show I
Terça e quarta-feira próximas (09 e 10) o grupo musical “Amigos do Arauá” apresenta no teatro Margarida Ribeiro o show “Tributo a Jacob do Bandolim). Ingresso, R$ 10,00. Imperdível.

Show II
Na sexta-feira (12), na Cidade da Cultura, o compositor, poeta, músico e publicitário, Antônio Miranda (ex-Arte Capital), apresenta, a partir das 20 horas, o show “Catálogo de Canções”. Cescé, Timbaúba e Asa Filho, entre outros, farão participações especiais. Imperdível! (alô prefeito Asa Filho, sei que sou um vereador relapso, mas, essa sessão não vou perder).

Kits
O Conselho Nacional de Transito proibiu o uso de Kits de faróis de Xenônio. Já não era sem tempo. Mas, e os kits se som, quando serão proibidos?

Tragédia anunciada
O aumento da entrada e saída de veículos no Hospital Dom Pedro de Alcântara, em conseqüência do aumento do número de serviços prestados naquela unidade de saúde, fez daquele trecho da Rua Edelvira de Oliveira um lugar de alto risco para o trânsito de veículos e pedestres. Avisado, o superintendente municipal de trânsito, Antônio Carlos Machado, foi até o local, observou e não colocou o necessário quebra-molas no local. Preferiu pintar uma simples faixa no chão. A tragédia está anunciada.

Leilão
Em breve estarei colocando em leilão pela Internet alguns discos de vinil, verdadeiras raridades para colecionadores. São discos da década de 70 para trás. Entre as preciosidades estão um compacto simples com Barbra Streisand interpretando “Mother” de John Lennon, e um outro com Riccardo Cocciante, interpretando “Bella Senz’ anima”. Tem ainda um álbum duplo de Emerson, Lake e Palmer, uma coletânea de John Lennon, outro de Paul Mac Cartey com o Wings, e outro com Michael Jackson, quando era um garoto negro, cantando “Happy”, “Ben” e “One Day in Your Life”, entre outros sucessos. Logo estarei divulgando a relação completa dos discos que irão a leilão.

Lennon
Segunda-feira próxima (08) John Lennon completará 28 anos de morto. Convidado por Dilton Coutinho, nesta sexta-feira, das 08:30 às 09 horas estarei apresentando um trabalho sobre a obra e o pensamento do ex-Beatle.

Cobras & lagartos I
Com a fome grassando por aí eu não me surpreenderia se alguém roubasse uma Jibóia do serpentário da UEFS. Afinal, moqueca de Jibóia é uma delícia. Mas, roubaram uma cobra Coral. Eu li uma dessas estatísticas que pululam na Internet, que de cada 1.000 (eu disse, mil) pessoas picadas por cobra Coral, apenas uma escapa com vida. Então, pra que diabos roubar um bicho desses? Quando eu digo que o mundo tá doido, ninguém me dá ouvidos.

Cobras & lagartos II
Eu tive um vizinho que era professor da UEFS e criava cobras dentro de casa. Por diversas vezes o vi rondando os terrenos ao redor para capturar ratos e lagartixas para alimentar seus bichinhos de estimação. É bem verdade que ele adorava cobras de todos os tipos e tamanhos (eu disse, todos). Eu não sei se ele já se aposentou, mas seria um suspeito em potencial. Quem sabe ele não queria a pele da bicha pra fazer uma camisinha. Só assim ele poderia ver uma camisinha colorida.

Philosopher
“Mulheres são como moedas: ou são caras ou são coroas”. (anônimo)

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Por hoje é só, que agora eu vou ali saber se alguém já viu rastro de cobra e couro de lobisomem.

“Enquanto tiver dentro de si um pouco de ternura, enquanto carregar consigo o espírito da criança eterna que traz bem cultivado, enquanto for possível conservar no coração o mínimo amor, o bicho-homem far-se-á alegre e feliz e buscará tornar alguém alegre e feliz no dia do nascimento do Menino. Porque Belém não é só um símbolo; é muito mais um estado de espírito. Nada poderá mudar, fazer surdos os nossos ouvidos, às coisas que Aquele pobre e desprezado Galileu – que veio a ser tão amado – nos ensinou”. (Carlos A Kruschewsky in “Memórias de Saulo Daqui”)

Crônica


Os motoristas

Ser motorista já foi uma boa profissão. E ainda seria, não fossem o péssimo estado de conservação das estradas e os constantes assaltos seguidos de assassinato dos motoristas. É uma vida dura e solitária, é verdade, mas também é aventureira, romântica. Os motoristas de caminhão, em particular, são sujeitos curiosíssimos. Eles cortam o país de cima abaixo e de baixo pra cima, diariamente, comendo poeira, arriscando a vida dormindo mal, e nem sempre são bem remunerados. Mas sua solidariedade e bom humor são lendários.
Eles são narcisistas, vaidosos, consideram-se excelentes amantes, falam com sotaques diferentes, mas não negam ajuda um ao outro. Mas se tem uma coisa que um caminhoneiro preza, é o seu veículo. Um bom motorista de caminhão é como um bom vaqueiro, que cuida melhor do seu cavalo do que de si mesmo. Um caminhoneiro sabe que sua vida depende do bom estado de conservação do seu carro, e por isso tem para com ele mil cuidados.
Eu conheci um motorista que tinha uma caminhonete F 4000, com a qual ele fazia fretes entre Feira de Santana e Santo Estevão. Carregava de tudo. Leite, feijão, farinha, milho, porco, galinha, carneiro, etc. Ele levava também alguns passageiros. Mas deste dinheiro dos passageiros ele não gastava um centavo. Depositava tudo numa conta bancaria que só era movimentada para manutenção do caminhão. “Tá uma belezura, minha azulzinha”, gabava-se ele.
Já um outro conhecido nosso, tinha uma Kombi tão velha e descuidada, que quando o pessoal avistava ele vindo pela estrada, se escondia no mato, pois sabia que, se embarcasse, a qualquer momento teria que descer para empurrar a Kombi. Mas deixemos de lado os maus motoristas, e cuidemos dos bons.
Havia um cidadão que possuía uma F 4000 que ele utilizava para levar mercadorias para as feiras-livres nas cidades da sua região. Ele tinha o maior cuidado com o veículo que só ele mesmo guiava. Nem aos seus filhos ele confiava sua caminhonete. Ele também tinha um ajudante que era “tato”. Pra quem não sabe, “tato” é essa espécie de gago que fala “atim”. Deu pra entender? Por exemplo: Chofer, ele chamava de “toté”. Sacaram?
Pois é. Lá um belo dia o dono da caminhonete ficou adoentado e não poderia perder uma feira-livre de uma grande cidade das redondezas. Mandou o ajudante carregar a mercadoria e chamou seu filho mais velho, fazendo mil recomendações, para que ele fosse dirigindo o veículo. Saíram, o rapaz e o ajudante, com o dia ainda clareando. Cheio de cuidados, lembrando as recomendações do pai, o rapaz dirigia numa velocidade segura.
O ajudante, porém, sentindo que poderiam chegar tarde, começou a pressionar: “Toté, ramo andá, qui nóis tá atadado”. O rapaz começou a apertar o pé no acelerador, e ajudante foi se animando: “É isso aí toté! Bota pá lá toté! Isso é qui é toté”. Incentivado pelo ajudante, o rapaz apertou o pé ainda mais. Porém, numa curva mais difícil ele perdeu as contas e saiu da estrada, indo parar dentro de um brejo, atolando o veículo.
Quando o carro parou, o rapaz ainda pálido, assustado com a besteira que tinha feito, olhou pro lado e ouviu o ajudante protestar com sarcasmo:
“Tu é lá toté, fi da pé!”

Artigo


Cutucando o cão com vara curta

Useiro e vezeiro em jogar barro na parede para ver se cola, o jornalista Jânio Rego publicou em seu “Blog da Feira” que a dívida da Prefeitura Municipal havia aumentado de R$ 40 para R$ 130 milhões. Foi o suficiente para a oposição se alvoroçar e levar, como sempre sem verificar a veracidade da informação, o assunto para a Câmara Municipal e, consequentemente, para a Imprensa.
O vereador Roberto Tourinho (PSB) foi quem levantou a lebre e pediu explicações ao governo municipal sobre a origem do débito. No bate boca que se seguiu o líder da bancada governista na Câmara, vereador Ribeiro (DEM) disse que “Problema existe quando esse débito não é honrado. Aqui em Feira, ninguém vai apresentar uma parcela sequer de dívida da Prefeitura que esteja em atraso”. Para ele, a dívida constituída pelo governo municipal seria preocupante se “estivesse fora de controle”, o que “em Feira de Santana, não existe”.
Divulgar informações sem verificar a sua origem tem sido prática comum de alguns políticos oposicionistas, em todas as esferas do Legislativo brasileiro. Em Feira de Santana não é diferente. O ex-vereador Messias Gonzaga, por exemplo, passou cerca de 20 anos na Câmara Municipal fazendo denuncias sem provas, causando polêmica, jogando para a torcida, mas sem resultados práticos para a comunidade.
Dentro da Imprensa, também, existem profissionais que, na ânsia de dar a notícia em primeira mão (furo), divulga informações sem verificar a veracidade. É notório na cidade, um radialista conhecido entre os seus pares como “morde língua”, por conta de tanta denuncia vazia que publicou. Editores com ânsia de publicar manchetes sensacionalistas para vender jornal, chegam ao cúmulo de inverter a realidade dos fatos, confundindo os seus leitores.
Eu tenho repetido reiteradas vezes que informação é uma coisa muito perigosa e que o profissional de Imprensa tem que avaliar muito bem a informação recebida porque, em alguns casos, mesmo sendo verdadeira ela poderá trazer mais malefícios que benefícios para a comunidade. Antigos mestres diziam que uma informação, antes de ser divulgada, deve passar pelas peneiras da “Verdade”, “Bondade” e “Necessidade”. Verdade, por ser verdadeira, Bondade, para saber que benefícios ela pode trazer, e Necessidade, porque, em algo casos a comunidade pode muito bem passar sem ela, não fará diferença alguma.
Somente pessoas comprometidas com os interesses da comunidade em que vivem, comportam-se assim. As demais são pessoas irresponsáveis e inconseqüentes, que se utilizam das informações recebidas para causar discórdias e conquistar benefícios pessoais a qualquer preço, mesmo que isso signifique maledicência, agressões, tumulto, confusão. Felizmente
, em Feira de Santana, a maioria age com responsabilidade. Melhor para todos nós.