Fumar era normal. As pessoas acendiam o
primeiro cigarro logo ao acordar, e repetiam o gesto dezenas de vezes
durante o dia, em absolutamente todos os lugares: lojas, restaurantes,
escritórios, consultórios, aviões (tinha gente que fumava até no
chuveiro). Ficar sem cigarro, nem pensar – tanto que ir sozinho comprar
um maço para o pai ou a mãe, na padaria da esquina, era um rito de
passagem para muitas crianças. O cigarro estava na TV, nos filmes, na
música, na propaganda (nos EUA, ficou famoso um anúncio que dizia: “Os
médicos preferem Camel”). 30% a 40% da população, dependendo do país,
fumava.
O cigarro foi, em termos absolutos, a coisa mais viciante que a
humanidade já inventou. Hoje ele é execrado, com razão, e cenários assim
são difíceis até de imaginar. Olhamos para trás e nos surpreendemos ao
perceber como as pessoas se deixavam escravizar, aos bilhões, por algo
tão nocivo. Enquanto fazemos isso, porém, vamos sendo dominados por um
vício ainda mais onipresente: o smartphone.