sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Dionorina canta “Bahia Negra de Caymmi a Ilê Aiyê”



Depois do aquecimento para o reinado da folia em três concorridas apresentações, o cantor feirense Dionorina volta a participar do Carnaval de Salvador nesta sexta-feira (28/2), a partir das 23 horas. Desta feita, com o show “Bahia negra – De Caymmi a Ilê Aiyê”, no Largo do Pelourinho.
Dionorina integra o projeto aprovado em edital da Secretaria de Cultura do Estado, ao lado de Lucas Di Fiori e a Banda Cativeiro. Aproveitando o tema do Carnaval deste ano, Dionorina vai cantar “Bahia negra”, sucesso de autoria de Jorge de Angélica, outra referência do reggae, além de canções de Dorival Caymmi e do bloco Ilê Aiyê.
Nos últimos dias 18, 21 e 25, o artista esteve no Largo Tereza Batista acompanhado da Banda Cativeiro, contagiando o grande público presente. O evento foi promovido pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), da Secretaria de Cultura do Estado.

A crise no Samu


         Os médicos do Samu escolheram a pior maneira para tratar um assunto com o prefeito José Ronaldo, que foi a chantagem. Uma negociação que se desenrolava internamente, de repente explodiu na imprensa com os médicos colocando o prefeito na parede, na base do “ou dar ou desce”, exigindo a cabeça da coordenadora do Samu, afirmando que se isso não ocorresse pediriam demissão coletiva. Juntaram-se a eles enfermeiros e outros profissionais do setor, alegando que a coordenadora age com arrogância, prepotência e maus tratos para com os seus subordinados.
         Não é o feitio do prefeito ceder a pressões. Por isso, creio que o movimento dos profissionais vai dar em nada. As denúncias contra a coordenadora passam também por acumulo de cargos e ações ilegais na regionalização do Samu. Todas elas foram entregues em documento à Câmara Municipal e ao Ministério Público. O prefeito já disse que não há irregularidades e que as acusações são infundadas. Por tanto, não creio que a interferência da Câmara vá mudar a opinião do alcaide. Resta saber se o Ministério Público acatará ou não as denúncias.
         Em geral, os médicos, salvo raríssimas e honrosas exceções, são péssimos gestores. Também são desarticulados, não conseguindo mobilizar a categoria em torno de um objetivo comum. Todos acham-se cheios de razão e seguem apenas seus próprios conceitos, valores e ideias e estão sempre em confronto com as opiniões de seus colegas. A medicina é hoje um mercado que movimenta bilhões, atraindo todo tipo de mercenário, transformando a saúde numa “mercadoria” caríssima. No Brasil quem não tem dinheiro morre mais rápido. 
         Antigamente as autoridades mais respeitadas e respeitáveis de uma cidade eram o pároco local, o prefeito, o juiz e o delegado. Mas, acima de todos eles estava o médico. Até entre os círculos militares a “patente” de médico era a mais respeitada. Em caso de saúde a palavra do médico prevalecia sobre todas as demais patentes. Mas, isso foi há muito tempo. Com o mercantilismo imperando na saúde, o médico se tornou apenas mais um trabalhador assalariado, um ser frio, que usa mais instrumentos do que seus conhecimentos e humanidade para examinar e diagnosticar seus pacientes, hoje chamados de clientes.
         Quando eu disse aqui certa vez que o Brasil estava trazendo médicos estrangeiros para trabalhar porque os médicos brasileiros não se davam ao respeito, e até os recém formados não queriam deixar os grandes centros para iniciar a carreira e o aprendizado pós universidade em distantes e pequenas comunidades, alguém me escreveu dizendo que eu estava muito confortável na minha sala com ar refrigerado e não conhecia a realidade dos médicos. Mas, eu conheço. E muito bem. E a prova dessas coisas que digo é que nem mesmo as suas entidades representativas como o CREMEB e a ABM têm poder para defende-los. Ninguém os levam a sério.
         Ao ler este artigo, meus caros médicos, em vez de me xingar, tentem resgatar o respeito perdido.

20 anos do Plano Real



Implantado em 27 de fevereiro de 1994, no governo Itamar Franco (1992-1994), com a edição da Medida Provisória 434, o plano foi um grande programa de estabilização econômica que teve como objetivo controlar a hiperinflação que atingia o país. Antes da mudança da moeda de cruzeiro real para real, os brasileiros tiveram a Unidade Real de Valor (URV), moeda virtual criada para ajudar na transição. Fernando Henrique Cardoso era, então, ministro da Fazenda.

O Plano Real transformou a vida dos brasileiros, que sofriam com o aumento do preço dos alimentos várias vezes ao dia e com o dinheiro que perdia o valor rapidamente. O Brasil tentou 11 planos econômicos e oito moedas até o sucesso do Real para acabar com a hiperinflação, que chegou a mais de 80% ao mês no início dos anos 1990. O Plano Real resolveu esse problema e criou as bases para a estabilidade econômica do País até hoje. Em julho de 1995, quando o Real completava um ano de vigência, a inflação foi de 1,7%.

Apesar da forte oposição do PT em 1994, as gestões petistas dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff seguem a mesma cartilha econômica criada pelo PSDB. Um ano antes do Real, o então ministro da Fazenda FHC adotou um conjunto de 58 medidas para criar as precondições da estabilização da economia — de pronto combatidas por Lula. O PT votou contra a MP do Real no dia 29 de junho de 1995 e recorreu ao Supremo com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI contra o plano. E voltou ao tribunal para tentar derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Na época Lula disse: “Esse plano de estabilização não tem nenhuma novidade em relação aos anteriores. Suas medidas refletem as orientações do FMI (…) O fato é que os trabalhadores terão perdas salariais de no mínimo 30%. Ainda não há clima, hoje, para uma greve geral, mas, quando os trabalhadores perceberem que estão perdendo com o plano, aí sim haverá condições” (O Estado de S. Paulo, 15.1.1994). “O Plano Real tem cheiro de estelionato eleitoral” (O Estado de S. Paulo, 6.7.1994).

Guido Mantega atual ministro da Fazenda, afirmou: “Existem alternativas mais eficientes de combate à inflação (…) É fácil perceber por que essa estratégia neoliberal de controle da inflação, além de ser burra e ineficiente, é socialmente perversa” (Folha de S. Paulo, 16. 8.1994).

         Marco Aurélio Garcia, atual assessor de Dilma para Assuntos Internacionais, disse na época: “O Plano Real é como um relógio Rolex comprado no Paraguai, tem corda para um dia só, a corda das eleições”.