sábado, 15 de novembro de 2008

Artigo da Semana


Páginas abandonadas da nossa história

Não faz muito tempo eu escrevi um artigo comentando o abandono em que se encontram os prédios históricos de Feira de Santana. Cheguei a sugerir que o trecho compreendido entre a praça Monsenhor Renato Galvão, onde está localizada a Catedral Metropolitana de Santana, e a praça Fróes da Motta, onde está localizado o Casarão Fróes da Motta, passando pela Rua Conselheiro Franco, praça da Bandeira, praça dos Remédios e Rua Tertuliano Carneiro, fosse considerado como o nosso “Corredor da História”, tantos são os prédios tradicionais que ali se encontram.
A começar pela própria Catedral Metropolitana, ainda se encontram naquele trecho os prédios das filarmônicas Vitória, 25 de Março e Euterpe Feirense. Alguns casarões de arquitetura antiga ainda podem ser vistos, mas pelo menos um deles já se perdeu, que foi o casarão onde morou o poeta e escritor Fernando Ramos. Outros sofreram reformas e estão totalmente descaracterizados. No trajeto ainda pode ser visto o monumento ao vaqueiro. A própria Igreja dos Remédios, é um marco histórico de arquitetura. O coreto da praça Fróes da Mota é, talvez, o único exemplar de arquitetura Art Noveau de Feira de Santana.
Na rua Conselheiro Franco (antiga Rua Direita) encontra-se, vizinho ao prédio da Filarmônica 25 de Março, o prédio da Sociedade Montepio dos Artistas Feirenses, secular entidade fundada por Padre Ovídio de São Boaventura. Parte do prédio da filarmônica Vitória já sofreu um desabamento. O mesmo destino ameaça os prédios da 25 de Março e do Montepio, este último já interditado pela Defesa Civil.
Os oito anos do governo de José Ronaldo, devido talvez a prioridades mais urgentes para a população, pouco ou nada fez para preservar este nosso patrimônio histórico. Também os governos estadual e federal não intervieram. Apenas a Fundação Senhor dos Passos trabalhou na restauração do Casarão Fróes da Motta, que hoje é sede para a própria fundação, e ainda abriga algumas entidades culturais.
A iniciativa privada também nada fez. Apenas a empresa Pirelli, atendendo a um apelo do prefeito, promoveu a recuperação de um casarão situado à Rua Araújo Pinho, entre os bairros Olhos D’água e Areal. Tal casarão é tido como sendo a casa da fazenda dos fundadores da cidade, Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, o que consiste numa histórica e sonora mentira, uma vez que não existem documentos comprobatórios dessa afirmativa, e nem há nada que sugira que seja verdade.
É sabido que quem não conhece o seu passado, não sabe viver o presente nem preparar o futuro. O nosso “Corredor da História” está se perdendo pela ação do tempo e pela falta de ação dos nossos homens públicos e dos nossos empresários.

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