sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A leveza do elefante no livro de Edmundo Carôso


O título não poderia ser mais sugestivo. “Um Elefante no Telhado,” publicação que reúne poemas de Edmundo Carôso, será lançada na próxima terça-feira (17), às 20 horas, no foyer do teatro do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca). O livro começou a tomar forma em março deste ano. Durante quinze dias, o poeta escreveu compulsivamente. “Eram poemas rápidos que flertavam com a minha vida, com os meus questionamentos”, revela Edmundo, acentuando que nem ele mesmo sabia que estava escrevendo um livro.
Roubado do verso de um dos poemas, o título ilustra muito bem, segundo o autor ”a delicada operação de se colocar, em cima da cabeça com cuidado, o peso de refletir sem disfarces sobre a própria existência, sem que a casa desmorone”.
Há sete anos sem publicar e vivendo um momento bastante conturbado, Edmundo entende que o livro, com o selo da editora Tulle, é uma volta ao começo, sem nenhuma dúvida. E o começo está aqui em Feira de Santana. Daí a idéia de editar e lançar a publicação nesta cidade “junto às pessoas que me acolheram como poeta, no primeiro número da revista Hera dedicado a poesia”, ressalta.
Baiano de Cachoeira, Edmundo é escritor, letrista e blogueiro. Ele diz que duas cidades são fundamentais na sua vida: Feira de Santana, onde passou os anos mais importantes de formação como artista, e Santo Amaro. A partir daí passou por várias cidades do Brasil e fora do país como Madrid e Bilbao. Atualmente, reside em Salvador, onde colabora com o Jornal A Tarde.
A capa do seu novo livro traz ilustração do artista plástico e também poeta Antonio Brasileiro, que para Edmundo, “será sempre o primeiro dentre aqueles que lhe mostraram como lidar com a verdadeira poesia.
O prefácio é do cantor e compositor Carlos Pitta, que o autor considera como parceiro de vida, amigo, estreando com ele na revista Hera, em 1973. “Esse livro é prá ser lido como uma surpresa prá lá de agradável. Afinal, se você se descuidar o elefante tá no telhado, e prá que você nunca engula sapo, ele está lhe dando a rosa por inteira”, diz Carlos Pitta, numa alusão ao poema “Alaúde”.

Alaúde

Uma flor só é uma flor
porque não pode ser um sapo azul.

Tudo que o sapo pode e tem
a flor inveja
(já que nada fora de ser ela mesma
lhe é permitido).

E, pra piorar,
agora deu pra viver
querendo ser
um elefante no telhado.

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