quinta-feira, 1 de abril de 2010

Cartilha radical

D. Filippo Santoro

O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) suscita graves
preocupações não apenas pela questão do aborto, do casamento de
homossexuais, das adoções de crianças por casais do mesmo sexo, pela
proibição de símbolos religiosos nos lugares públicos, pela transformação
do ensino religioso em história das religiões, pelo controle da imprensa, a
lei da anistia, etc, mas, sobretudo, por uma visão reduzida da pessoa
humana. A questão em jogo é principalmente antropológica: que tipo de
pessoa e de sociedade é proposto para o nosso país.
No programa se apresenta uma antropologia reduzida que sufoca o horizonte
da vida humana limitando-o ao puro campo social. Dimensões essenciais são
negadas ou ignoradas: como a dignidade transcendente da pessoa humana e a
sua liberdade; o valor da vida, da família e o significado pleno da
educação e da convivência. A pessoa e os grupos sociais são vistos como uma
engrenagem do estado e totalmente dependentes de sua ideologia.
Os aspectos positivos, que também existem, e que constituíram as grandes
batalhas da CNBB ao longo destes anos, são englobados dentro de um sistema
ideológico habilmente plantado por uma minoria que não respeita a visão da
vida da grande maioria do povo brasileiro. Por isso, é um grande alerta o
pronunciamento da CNBB, da sua comissão Vida e Família, de muitos e dos
mais diferentes setores da sociedade que mostraram toda sua preocupação.
Nesta 3ª edição do PNDH, estamos diante de uma cartilha de estilo
radical-socialista, que esta sendo implantada na Venezuela, no Equador e na
Bolívia, e que tem em Cuba o seu ponto de referência. Trata-se de um
projeto reduzido de humanidade destinado a mudar profundamente a nossa
sociedade.
Vida, família, educação, liberdade de consciência, de religião e de culto
não podem ser definidos pelo poder do Estado ou de uma minoria. O Estado
reconhece e estrutura estes valores que dizem respeito à dignidade última
da pessoa humana, que é relação com o infinito e que nunca pode ser usada
como meio, mas é um fim em si mesma. A fonte dos direitos humanos é a
pessoa e não o Estado e os poderes públicos.
O programa do Governo é um claro ato de autoritarismo que enquadra os
direitos humanos num projeto ideológico, intolerante, que fez retroceder o
país aos tempos de ditadura. Somos todos interpelados diante deste projeto
que tenta desmontar a estrutura da sociedade destruindo o valor da pessoa,
da vida, da família e das livres agregações sociais.

*D. Filippo Santoro é bispo de Petrópolis (RJ).

P S - O sistema ditatorial comunista tinha como base a criação dos Conselhos. Quem não se lembra das palavras de ordem da revolução russa: "todo poder aos conselhos". No PNDH - 3 está escrito: "fortalecer e apoiar a criação de conselhos nacional, distrital, estaduais e municipais de Direitos humanos". Como em qualquer atividade o PNDH -3 estará presente, o Brasil terá um outro governo paralelo. Sua fazenda ou sua casa sendo invadida, a justiça não poderá agir. Será o CONSELHO quem decidirá.
Quando a Cruz de Cristo for tirada das paredes e colocadas a Foice e o
Martelo, ou estrela vermelha, porque não dissemos nada, já não poderemos
dizer nada.

Nenhum comentário: