sexta-feira, 30 de abril de 2010

Cinismo e desonestidade


Entendo que serviços essenciais como fornecimento de energia, água, correios, telefonia, entre outros, devam ser tratados como assuntos de segurança nacional e controlados pelo Governo Federal. Podem até ser terceirizados, desde que o governo dite as regras e os concessionários as cumpram, sob pena de perder a concessão.
Mas, no Brasil, as coisas nunca funcionam como devem ser. Vejamos por exemplo os Correios. Foram abertas franquias em todo o País, mas os próprios funcionários boicotaram o serviço, temendo que a Empresa fosse terceirizada e eles perdessem seus cargos, privilégios ou mesmo seus empregos. Hoje, os Correios, que era uma empresa estatal modelo, símbolo de honestidade e eficiência, está um caos.
Há por parte das empresas concessionárias de serviços públicos, principalmente em monopólios como energia, água e telefonia, uma prática contumaz de lesar os usuários dos seus serviços. Há uma prática antiga, por exemplo, de se cobrar contas indevidamente. A coisa funciona assim: Um belo dia o usuário recebe um comunicado da empresa, de que a conta tal, do mês tal, do ano tal, encontra-se em aberto.
Nestes casos, a empresa aposta no mau hábito dos brasileiros de não guardar os recibos das contas pagas. Quando isso acontece, o incauto consumidor vai ter que pagar, de novo, a conta que ele já pagou, mas não tem como provar. Isso sob pena de ter o fornecimento cortado e sem ter a quem apelar.
Atualmente, consumidores de energia de toda a Bahia estão reclamando dos valores das contas que tem recebido. São verdadeiros absurdos, disparates, que os prepostos da Coelba tentam explicar e não conseguem. Mas, de forma acintosa, cínica até, tentam passar a idéia de que os consumidores são desonestos. Em todos os programas de rádio e TV eles falam, falam, falam, e não convencem a ninguém de que estão certos.
Dizem que se o consumidor protocolar uma queixa na empresa, o seu caso será avaliado e ele, depois de pagar a conta, se for provado que houve engano, terá o valor cobrado a mais, restituído. Mas, quem em nome de Deus, consegue protocolar uma queixa? Perde-se, às vezes, dias inteiros tentando, quase sempre sem sucesso.
Neste caso a empresa aposta na impaciência do consumidor. Impaciência esta justificada, porque ninguém quer perder horas, nem dias de trabalho para resolver um problema que nem deveria existir, que deveria ser resolvido pelas agências federais de regulação e fiscalização do serviço. O trabalhador não pode perder tempo, o seu patrão não quer que ele perca tempo. E nessa ciranda a corda rompe sempre do lado mais fraco. Como nenhum trabalhador honesto, que quer pagar suas contas em dia, pode perder tempo com um assunto que deveria ser resolvido por quem ele paga para resolver por ele, o remédio é apertar o cinto, pagar pela extorsão e esperar por tempos melhores. Quando? Só Deus sabe.
E ainda temos que suportar o cinismo dos prepostos das concessionárias e o descaso dos governantes.

Um comentário:

José Adelino disse...

esses caras leram kafka e estão usando para o mal