Vale a pena lembrar esta história: Certo dia, o ministro William Gladstone apresentou à rainha da Inglaterra uma lei que acabara de ser aprovada pelo Parlamento, da qual a soberana não gostou. "Isto não assino. Eu sou a rainha", disse ela irritada. "Eu sou o povo, assine", retrucou o ministro secamente. E a rainha Vitória assinou, admitindo: "tens razão, Gladstone, o povo é mais poderoso do que eu".
O poder, ao longo da história, foi exercido de diversas maneiras. Os ditadores não se interrogavam sobre a legitimidade de seu poder absoluto. Já os reis, quase sempre, invocavam um poder divino, que passava de pai para filho. Outras modalidades de poder: aristocracia, o governo dos nobres, comitê de salvação pública, em momentos de emergência, triunviratos...
A eleição tornou-se o instrumento para a escolha de quem deve exercer o poder em nome do povo. Mas a eleição, em si, não é suficiente para caracterizar a democracia. Cabe ao poder Legislativo fazer leis, ao Executivo fazer acontecer as leis e ao Judiciário decidir as competências diante das controvérsias. Existe ainda o chamado Quarto Poder, constituído da imprensa livre. É um poder desarmado, mas que se torna consciência e porta-voz do povo. No Brasil, a grande imprensa está sempre a serviço de grupos políticos, financeiros e religiosos.
Numa democracia, acima do presidente, dos senadores, dos deputados, dos prefeitos e vereadores existe o povo. É ele que legitima ou desautoriza qualquer governo e autoridade. Os governantes têm obrigação de legislar e exercer o poder em favor do bem comum. Isso parece ter sido esquecido no Brasil, onde a cada dia surgem novos escândalos de corrupção. São personalidades dos três poderes que manipulam a lei em benefício próprio e de seus protegidos. E se justificam: eu sou autoridade.
Mas o povo é mais poderoso do que eles. Só precisa tomar consciência disto. Entender que os políticos são seus servidores, e não o contrário, o Próprio Jesus Cristo, do alto da sua autoridade e poder, declarou: "Não vim para ser servido, mas para servir" (Mt 20,5). Os direitos do povo devem ser respeitados. Todo cidadão tem direitos e deveres e a Ética estabelece o limite de cada um.
Com base no texto “O Povo e Poder”, de D. Itamar Vian, publicado na Cartilha Política da Arquidiocese de Feira de Santana.
Publicado em 2012...
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