Não há dúvida: a bebida por excelência do Natal e do Ano Novo - e, em geral, de todas as celebrações - é um vinho francês de coloração dourada e cheia de bolhas: o champanhe.
A
cada ano, são produzidas 268 milhões de garrafas desta bebida espumante
e, só na noite de Ano Novo, são consumidas no mundo 360 milhões de
taças de champanhe para festejar a virada.
Quem inventou o champanhe?
A tradição atribui a descoberta do champanhe a Dom
Pierre Pérignon, um monge beneditino francês que viveu entre 1638 e 1715
e que passou boa parte de seus 77 anos de vida na abadia de
Hautvilliers, situada em plena região de Champagne, onde o espumante
francês é feito.
A lenda conta que ele chegou à fórmula do famoso
método de dupla fermentação por acaso e que, quando bebeu pela primeira
vez, sentiu em sua boca uma explosão de bolhas e disse aos outros
monges: "Venham correndo, estou bebendo estrelas!".
2. Bebida dos reis
Contam que, quando Hugo Capeto foi coroado rei da
França em 987, em uma cerimônia solene que teria ocorrido na catedral de
Reims, em Champagne, começou uma tradição que logo seria seguida pelos
monarcas seguintes de brindar com vinhos daquela região, que, mesmo
elaborados com as mesmas uvas do champanhe, ainda não tinham suas bolhas
características.
A partir de Hugo Capeto, cerca de 30 reis
franceses foram coroados em Reims e, nas festas, sempre eram oferecidos
vinhos dali, que, pouco a pouco, foram ganhando fama.
Até o ponto
em que, depois de Luis 14 tornar-se monarca, em 1643, ele pedir que
fossem levados ao Palácio de Versalhes litros e mais litros desse "vinho
de cor de palha do padre Pérignon".
3. Bebida de amantes dos reis
Luis 15 foi um grande degustador de champanhe e bebia sobretudo na companhia de suas amantes.
A
mais famosa de todas elas, Madame de Pompadour, foi quem imortalizou a
frase: "O champanhe é a única bebida capaz de fazer uma mulher mais
bela".
Conta a lenda que as primeiras taças criadas
especificamente para beber champanhe, de boca larga e em formato de um
seio, foram feitas por ordem de Luis 15, tomando como modelo a mama
esquerda de Madame Pompadour.
Mas há também quem diga que, na verdade, a inspiração foram os seios de Madame du Barry, outra amante de Luis 15.
4. Quantas bolhas há no champanhe?
Há mais de sete milhões de bolhas em cada garrafa, um milhão em cada taça.
5. De onde vêm as bolhas?
As
bolhas do champanhe são resultado de um fungo microscópico, a levedura,
que precisa do açúcar para sobreviver e, quando o consome, libera um
gás: o dióxido de carbono.
A levedura é responsável por transformar o açúcar em álcool através do processo de fermentação.
O
champanhe é feito por meio de uma fermentação dupla. Na primeira,
dificilmente se formam bolhas, porque as uvas com as quais o vinho é
feito não são muito doces, então, elas têm pouco açúcar e, de qualquer
forma, o dióxido de carbono pode escapar.
Mas, na segunda fermentação, os produtores de
champanhe adicionam um pouco de açúcar e mais levedura ao vinho e selam
bem as garrafas com uma rolha especial.
A fermentação do açúcar
produz grandes quantidades de dióxido de carbono, que não consegue
escapar e permanece dentro da garrafa. O champanhe tem, portanto, um
maior teor alcoólico.
6. Sob enorme pressão
Dentro da garrafa de champanhe há uma enorme pressão, equivalente a três vezes aquela do interior do pneu de um carro.
7. Só é champanhe se é francês
Somente
se pode chamar de champanhe a bebida feita com uvas com da região de
Champagne, onde crescem três variedades - pinot noir, pinot meunier e
chardonnay -, e seguindo o método tradicional de fermentação dupla, o
"método champenoise".
Além disso, deve ficar pelo menos 15 meses
envelhecendo, como o processo de amadurecimento dos vinhos é chamado,
para obter as melhores nuances e aromas.
8. O que a região de Champagne tem de especial?
A
região onde o champanhe nasce fica quase no extremo norte da França. É
uma das áreas de vinhedos em maior latitude da Europa, superada apenas
pela parte sul da Inglaterra.
Uma de suas peculiaridades é que seu
solo é calcário, o que lhe permite reter água e calor, favorece a
drenagem e confere às uvas uma mineralidade muito particular. Em
Champagne, há um total de 34 hectares de vinhedos. Em 2016, essa região
foi declarada Patrimônio da Humanidade.
9. Ouro líquido
O champanhe tem geralmente uma coloração dourada
suave e, acima de tudo, um preço elevado. É raro encontrar nas lojas uma
garrafa desse vinho espumante por menos de US$ 34 (R$ 132), e há alguns
que são vendidos por milhares de dólares.
Um hectare de vinhedos na região de Champagne custa mais de US$ 1 milhão.
A
isso, se acrescenta o fato de que a Avenue de Champagne, na cidade de
Epernay, é uma das ruas mais caras do mundo. Ela se estende por mais de 1
km e abriga grandes casas de champanhe, como Pol Roger, Mercier e Moët
& Chandon.
E, abaixo desta avenida, há 110 km de adegas que
abrigam, a uma temperatura constante, entre 10ºC e 12ºC, e protegidas
pela escuridão, mais de 200 milhões de garrafas de champanhe que valem
uma fortuna.
10. Como bebê-lo?
Frio,
mas não gelado. A temperatura ideal é de 8ºC, de acordo com
especialistas - abaixo disso, parte de seus aromas se perderiam. Algumas
variedades podem ser consumidas a 10-12ºC para acentuar suas
qualidades.
A melhor maneira de resfriar o champanhe é em um
recipiente cheio de gelo, onde deve permanecer por cerca de 20 a 30
minutos. Se for colocado na geladeira, deve ser permanecer na parte
menos fria por quatro horas, para evitar que se percam algumas de suas
propriedades.
É absolutamente proibido colocar no congelador,
seria um sacrilégio. E também é fortemente desencorajado servir em copos
previamente resfriados, porque isso afetaria as bolhas.
Os
apreciadores dizem que deve ser servido em copos que tenham sido lavados
à mão, apenas com água quente, sem qualquer sabão ou detergente, pois
estes podem afetar as bolhas.
As taças finas e altas que são
usadas há anos para beber champanhe estão agora caindo em desuso. Os
especialistas aconselham o uso de taças em forma de tulipa, pois
proporcionam às bolhas o espaço de que necessitam e, ao mesmo tempo,
concentram os aromas.
Não sirva o champanhe de uma só vez, mas em duas etapas pelo menos, para que as bolhas possam se assentar. Nunca encha o copo acima de dois terços.
E um aviso final: uma vez que uma garrafa de champanhe é aberta, não há absolutamente nenhum método para preservar esse vinho com todas as suas propriedades intactas. Então, é melhor terminá-la. (BBCBrasil)
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