sexta-feira, 20 de março de 2009

Galinhas, perus e patos


Das coisas boas do passado, que ainda podemos encontrar aqui ou acolá, estão a galinha caipira, um pato ou um peru assado. Nos tempos do jornal Feira Hoje, por sugestão de Dimas Oliveira, criamos o Clube do Frango, que funcionava assim. A cada sábado nos reuníamos num bar e um dos comensais era responsável pelo frango assado. Os demais dividam a conta das bebidas.
Tudo ia muito bem até que chegou a vez de Reginaldo Pereira patrocinar os frangos. Ele não cumpriu com a parte dele e o Clube se dissolveu. Não sem antes descarregar sobre o negão todos os piores adjetivos que vieram às nossas mentes. O menor deles foi “irresponsável”, adjetivo esse que ficou associado ao seu nome pelo resto dos tempos. Afinal, não se acaba com a farra de um monte de amantes do álcool, assim, impunemente.
Quando eu tinha cerca de dez anos, alguém teve a triste idéia de me mandar dar cachaça a 14 perus que estava no quintal da nossa casa, que seriam abatidos para um casamento. Eu cumpri com a tarefa, mas soltei todos os perus. Quando os responsáveis pela matança chegaram, me encontraram no chão, rolando de rir, e 14 perus bêbados fazendo piruetas engraçadíssimas.
O médio Outran Borges recebeu de um paciente a promessa de lhe dar de presente um peru. Como a promessa foi feita numa mesa de bar, o dono de uma padaria em frente ao referido bar, disse que assaria o peru no forno da padaria, colocaria alguns aviamentos e levaria para ser comido de tira-gosto no bar, com a presença dos amigos ali presentes.
O peru veio. Pequeno, mas veio. E foi devidamente abatido e assado, recheado com farofa e outros aviamentos. Os amigos sentados à mesa esperavam o doador do peru para começar a festa. Mas ele demorou e a impaciência reinou, com o peru sendo inteiramente devorado. Quando os ossos ainda estavam no prato, parou uma Kombi na frente do bar e dela desceu o doador do peru com toda a família (uma 15 pessoas), convidadas para comer o bendito peru.
Nas minhas caçadas com Pipiu Bahia eu matei um pato enorme. Pesava, aproximadamente, cerca de três quilos. Aliás, foi o único pato daqueles que eu vi. Era todo branco, com as pontas das asas pretas, e sobre o bico uma crista formada por uma cartilagem dura. Levamos o pato para a casa da fazenda, pertencente a um amigo, e pedimos ao vaqueiro que desse a alguém para tratar o bicho.
Mais tarde, já sentados na varanda, conversando com o capataz, fomos informados que as mulheres da casa vacilaram e um cachorro havia abocanhado o pato e sumido mato adentro. Tudo bem. Fazer o que. No dia seguinte, já conformados com a perda do pato, fomos convidados a ir, à noite, à casa do vaqueiro, cuja filha havia casado e estava dando um festinha em família.
Quando nós entramos na casa, apertada e cheia de gente, Pipiu me cutucou e cochichou no meu ouvido: “Cristóvam, olha onde está o nosso pato!” Era o “peru” da festa do casamento.
Numa pequena cidade do interior da Bahia, durante o carnaval, Dr. Outran Borges foi convidado a comer um pato assado na casa de um amigo. Lá pelo meio dia, após muita cerveja e pinga da boa, entrou numa caminhonete com o amigo que o havia convidado se seguiram para casa para comer o pato.
O problema é que na carroceria da caminhonete iam os irmãos de Outran e mais alguns amigos. Seguindo a caminhonete de Outran, outros cinco carros lotados de gente. Quando pararam na porta da casa, que já estava cheia, o único que conseguiu entrar foi Teco, irmão de Outran, que ainda conseguiu abiscoitar a metade de uma asa de pato.

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