terça-feira, 29 de março de 2011

Intolerância e mau humor


Não me sai da cabeça as imagens de um grupo de supostos torcedores (para mim eram simples marginais) depredando a entrada de um edifício apenas porque viram a bandeira de um time de futebol desfraldada numa janela do prédio. Fiquei pensando: parece que as pessoas ficam guardando mágoas e frustrações e saem de casa à procura de um motivo para extravasar toda a violência que gostaria de despejar contra quem lhe magoou, mas não têm coragem.

Frustram-se no relacionamento conjugal e descarregam contra os filhos. Estes, por sua vez, descarregam contra colegas na escola. Empregados são humilhados e explorados pelos seus patrões, e vingam-se em seus colegas ou contra o primeiro que encontram na rua. Professores, que trabalham muito e ganham muito pouco, não podem ter um padrão de vida decente, e vingam-se nos seus alunos.

E por aí vai. Frustrações e raivas vão sendo acumuladas para descarregar contra o primeiro incauto que encontram pela frente. E há um tipo de frustração que eu julgo bem mais perigosa. É aquela que sofrem os tímidos, porque gostariam de fazer um monte de coisas que os outros fazem, mas não têm coragem. Mais tarde, se são bem sucedidos na vida, usam do seu poder para impor suas vontades contra a grande maioria. São empresários, governantes, líderes religiosos, militares e mais uma gama de gente poderosa, mas que não conseguiu gozar a vida por repressão, medo ou timidez.

Esse tipo de gente é perigosa e má humorada. Eles não conseguem conviver com os diferentes e as diferenças. Incomoda-lhes sobremaneira a felicidade alheia. Só pensam em destruir, em desfazer o que não tiveram coragem de fazer. Essa timidez e falta de coragem de viver, pode ser parte da explicação para o mau humor, intolerância e violência que experimentamos atualmente no nosso dia a dia.

E em matéria de mau humor e intolerância, os europeus são campeões. Não faz muito tempo que os velhinhos que comandam a Federação Internacional de Futebol, a FIFA, queriam acabar com as comemorações de gols nos jogos de futebol. Queriam determinar que apenas o capitão do time que fez o gol fosse até o artilheiro e o cumprimentasse com um aperto de mão. Graças a Deus desistiram da idéia, até porque essa regra seria desobedecida sistematicamente aqui na América do Sul, onde todos são alegres e apaixonados por futebol.


Mas, volta e meia, somos vítimas da intolerância e frustração dos Europeus nos campos de futebol. Agora mesmo, jogaram cascas de banana no Neymar, que fizera dois gols contra a Escócia, um deles espetacular. Com o gesto, o estariam chamando-o de macaco, como se eles também não o fossem, com a única diferença de que eles são macacos brancos e nós, macacos negros ou morenos. Mas, ainda assim, macacos.

Essa intolerância, esse preconceito, esse mau humor é responsável maior pela violência, onde quer que ela se manifeste. Seja nos campos de futebol, nos carnavais, nas festas em geral, onde o espírito reinante seja o da alegria, felicidade e bom humor.

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