domingo, 24 de dezembro de 2023

 


*
Latinório* 

Final de ano - momentos mágicos movem-nos a propósitos vários: em meu caso, sendo um ‘velho feliz’, interditadas beberagens e comilanças, restam leituras e andanças. Pretendia, em vez de ‘idoso felizardo’, valer-me do latim - “fortunato senex” – mas, dei por bem não o fazer, embora, “docendo discimus” – ‘ensinando, aprendemos’. 

Em tal aprendizado, chego ao final de ano, desolado. Isto, dado a incapacidade temporal de açambarcar pensares de outras mentes. Sendo curtos, os anos, livros não desvirginados miram-me e zombam de mim. 

Entre anotações, rascunhos, textos incompletos, à espera de meu olho sadio remanescente – o esquerdo – venha sobreviver, em função de atual e intensivo combate com corticoide e metotrexato, estão:  

·        “O tigre na sombra” de Lya Luft;

·        “Moqueca de maridos” de Betty Mindline;

·        “Feijoada no Paraíso” de Marco Carvalho;

·        “A invenção do Nordeste” de Durval Muniz de Albuquerque Júnior;

·        “Homem sábios e suas histórias” de Elie Wiesel;

·        “Triste Bahia. Oh! Quão dessemelhante” de Cid Seixas. 

No conjunto - algo ao redor de mil e seiscentas páginas - à razão de diária e disciplinada leitura, iniciada a maratona após as festas da ocasião, levar-me-á ao podium nos idos de março do vindouro ano. Isso, é claro, se exigências de outra ordem ou novas tentações literárias, não se sobrepuserem ao desiderato abraçado. Como auto incentivo, suspendi a aquisição de novos livros até cumprida a intenção ora declarada. 

As obras listadas, deixam entrever, um pouco, o arco de temas aos quais, atualmente, tenho me direcionado.  Ao digeri-la, conviverei com:

·        mistério, magia e dramas humanos muito reais;

·        mitos eróticos indígenas;

·        a paixão pela capoeira: um transe entre realidade e fantasia;

·        a constatação ser o Nordeste “uma invenção recente na história brasileira”;

·        retratos de mestres da Bíblia, do Talmude e do hassidismo;

·        uma análise crítica, mirando autores baianos de Castro Alves a atuais. 

Muitos, talvez, desconheçam a presente trilha pessoal, aberta meio à floresta das palavras, caminhada plena de leituras e escrita – tirante a administração metódica do arcabouço de teres e deveres – consumidora da parcela mais expressiva das horas da vigília. 

A par de manter abastecidos os blocos de crônicas “Fumaças Mágicas” e “Palavras ao Vento”, integro o coletivo virtual ‘Arte de Escrever’, o qual por rotina, impõe renovados temas à produção textual. Daí, o “fortunato senex”: tais rotinas não são usuais na faixa etária onde resido. 

Em compensação, ao chegar até você, meus braços vão muito além de onde estariam, caso se houvessem às voltas com cartas de baralho ou na prática do ‘halterocopismo’, à mesa de um bar. 

Feliz Ano Novo!



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