* Repositórios de emoções *
Oratórios, capelas,
igrejas, catedrais, santuários.
Não importa o porte.
Vale a fé.
Maços, caixas, umidores,
tabacarias, fábricas.
Não importa o continente.
Vale o conteúdo.
Maços-oratórios, caixas-capelas,
umidores-igrejas,
tabacarias-catedrais,
fábricas-santuários,
sem distinção,
guardam em seus altares,
para os iniciados,
a magia da arte de fumar.
Do maço, ora saco o charuto;
na caixa, ora o escolho;
do umidor, ora o retiro;
na tabacaria, ora o adquiro;
da fábrica, ora o recebo.
Mas nunca oro.
Apenas creio.
Creio, em qualquer dos casos,
que minhas mãos,
um dos umbrais do prazer,
fazem-me chegar aos demais sentidos,
mais um momento especial.
A concentração dos templos.
A contemplação dos crentes.
A invocação de um ser-estar,
mais do que físico,
materializado, progressivamente,
naqueles rolinhos de felicidade,
enquanto incandescem.
Degustando esta baiana arte nativa,
vejo a obra-prima, aos poucos,
desfazer-se em cinzas.
Das quais, como Fênix,
renascerão os charutos das próximas
vezes.
O ser-estar suprafísico se realiza:
sou mais eu, fico mais feliz.
Tanto quanto agora,
vendo e escrevendo.
Ao ver meu charuto se desfazer em
cinzas
e ao estar, outra vez, com meus leitores.
Até o próximo encontro!
Hugo A. de
Bittencourt Carvalho, economista, cronista, ex-diretor das fábricas de
charutos
Menendez &
Amerino, Suerdieck e Pimentel,
vive em São Gonçalo
dos Campos – BA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário