Natal
Vai chegando a época das resoluções, reconciliações, perdões. E, também das reuniões familiares, com ceias, trocas de presentes, gestos de caridade e gentilezas, e buscas de regeneração espiritual. Os desafortunados pobres de bens e de espírito espreitam ocultos o momento de disputar os sobejos dos seus irmãos afortunados para também comemorar o Natal. Tudo é festa e fantasia. Promessas de mudanças de vida, de um ano melhor que parecem nunca se concretizar. Hora de reencontrar e abraçar parentes e amigos que se encontravam distantes, ausentes. O Espírito natalino está atuando por toda a parte, trazendo mais alegria e solidariedade aos corações humanos.
Eu
sempre gostei dessa época. Quando criança, principalmente, e por motivos
óbvios. Natal significava comida boa, doces, Papai Noel e presentes. Já
adolescente, as festas natalinas eram o lugar perfeito para paquerar e namorar.
Já adulto, hora de reencontrar os pais, os irmãos. Mas, nesse tempo eu já
pensava nos ensinamentos de Jesus. E foi com surpresa que percebi que Ele,
justamente Ele, o aniversariante, era o grande ausente da festa, porque todos
os olhares estavam voltados para o Papai Noel. Tudo bem. Eu entendi o apelo
comercial da festa, associado à fantasia das crianças, mas ele não podia ficar
de fora. Tinha uma tal de missa do Galo, que era realizada à meia-noite.
Parecia até reunião de sociedades secretas ou clandestinas. Finalmente o bom
senso apareceu e ela passou a ser realizada por volta das 20 horas, se bem que
eu ache que deveria ser às 18, porque dava tempo de voltar pra casa com a
sensação do dever cumprido e festejar com a família o aniversário de Jesus
Cristo.
De
minha parte, sigo celebrando o aniversário de Jesus ao meu modo. Se só estiver
em casa eu e minha mulher, já estará ótimo. Às vezes ainda aparece algum
familiar ou amigo quiçá, algum filho. O importante é que todos estejam em paz e
com saúde, e gratos a Jesus por tudo que aconteceu e acontecerá em nossas
vidas. Aquelas concorridas reuniões familiares já me soam ruidosas, chatas.
Porque não cabe mais no meu nível de tolerância, fofocas, invejas, despeitos,
mágoas, estórias mal contadas e mal resolvidas, falsos sentimentos,
dissimulações, hipocrisias, atritos fúteis, nada daquilo que antes parecia
importante para cada pessoa demarcar seu território e fincar sua bandeira de ideias
e ideais.
Hoje
eu me sinto como o professor que anseia pelo seu exame para o mestrado, pois
preparei o meu espírito para “passar de ano” no exame da “Banca Examinadora” do
mundo espiritual. Todos nós seremos examinados e reclassificados, podendo mudar
de “escola” ou repetir o ano na mesma em que está. Jesus disse, mas como sempre
pouquíssimos escutaram: “Todos vós sois Deuses”. Talvez ele não tenha
completado a frase ou o evangelista, ao transcrever, esqueceu de colocar: “Em
formação”. Ou seja, a cada vivência carnal o espírito vai aprendendo mais, e à
medida que vai evoluindo, vai mudando de grau e passa a “estudar” em “escolas”
mais evoluídas. Pode ser no mesmo continente, em outro planeta, em outra
dimensão. Quem sabe. O certo é que Jesus disse: “A casa do meu pai tem muitas
moradas”.
Assim
como os jovens de hoje, eu já tive muitas certezas, mas graças a Deus continuo
com muitas dúvidas. E sempre com muitas perguntas, porque é com elas que
aprendo as respostas.
Espero
que tenham um Feliz Natal. Com paz e amor.
NE: Publicada em 2021
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